Por trás do silêncio
Não sou uma pessoa de muitas palavras e não é frequente que eu me abra e fale de coração. Sempre achei que isso acontecia porque eu era um tipo de personalidade introvertida, mas, então, quando passei por algumas situações e vi o que as palavras de Deus revelavam, percebi que o fato de eu sempre guardar as coisas para mim e nunca compartilhar informalmente minhas opiniões não significava ser introvertida nem agir com a razão. Oculto por trás desse comportamento estava o caráter satânico da astúcia.
Algum tempo atrás, comecei a cumprir o dever de edição. Vi que os irmãos e irmãs com que eu trabalhava no dever de edição eram bastante experientes; entendiam os princípios e eram de excelente calibre. Todos tinham discernimento sobre quem entendia a verdade e quem possuía talento real e formação sólida. Isso me abalou um pouco. Eu era de calibre mediano e não tinha a realidade da verdade, então, se expressasse minhas opiniões informalmente em nossas discussões, isso não seria igual a tentar ensinar um peixe a nadar? Não faria diferença se no final eu estivesse certa, mas do contrário todos pensariam que eu estava me exibindo a despeito do meu entendimento raso da verdade. Achei que isso seria muito embaraçoso. Eu estava constantemente lembrando a mim mesma que deveria me manter discreta, ouvir mais que falar. E, assim, quando estávamos todos explorando assuntos juntos, eu dificilmente compartilhava o que pensava. Houve uma vez em que fiz uma sugestão, e todos concordaram que não era a abordagem certa — eu me senti muito humilhada e achei que não deveria me expor de forma precipitada, caso contrário iria dizer coisas de forma inadvertida e fazer papel de boba. Senti que devia proceder com cautela e guardar as coisas para mim. Depois disso, nas discussões, tive o cuidado de não me dispor mais a dizer o que pensava, deixando que os outros se manifestassem primeiro.
Mais tarde, juntou-se a nossa equipe uma irmã que tinha um calibre bastante alto e era muito perspicaz. Ela foi designada para trabalhar comigo. Certa vez, quando estávamos falando sobre um problema, tive algumas ideias que quis compartilhar, mas então fiquei preocupada com a possibilidade de que, se meu pensamento estivesse errado e o que eu dissesse não resistisse à análise, essa irmã nova pudesse pensar que eu era simples e ingênua, e eu me veria exposta pelo que realmente era. Então, o que eu faria se ela começasse a me desprezar? Decidi esquecer o assunto e simplesmente ouvir o que ela tinha a dizer. Enquanto trabalhávamos nesse problema durante os dias seguintes, eu dificilmente compartilhava algum ponto de vista, optando por apenas acompanhar o dela, pensando que isso me protegeria de possíveis embaraços e facilitaria as coisas. Como eu não falava muito, nosso ambiente colaborativo mostrava-se um tanto enfadonho. Às vezes, quando ela encontrava um problema e eu não compartilhava minha opinião, simplesmente ficávamos presas nele. Nossa produtividade era realmente baixa, e nosso progresso de trabalho geral estava sendo prejudicado. Conforme o tempo passava, eu falava cada vez menos e, mesmo quando tinha uma opinião, ficava revirando aquilo na minha cabeça, pensando muito antes de abrir a boca. Eu me sentia realmente deprimida e não avançava muito em meu dever; estava simplesmente presa naquele estado, sentindo-me estranhamente desanimada e perturbada. Foi naquela época que vim orar diante de Deus e disse: “Deus, nestes dias, não consigo sentir nada da iluminação do Espírito Santo em meu dever e não estou fazendo progressos no trabalho. Não sei quais caracteres corruptos estou vivendo que Te causam desgosto — por favor, guia-me para que eu possa conhecer a mim mesma”. Certo dia, quando eu estava refletindo sobre mim mesma em meus devocionais, a palavra “escorregadia” de repente me veio à mente. Encontrei isto em minha busca por palavras relevantes de Deus: “A pessoa pode nunca se abrir nem comunicar aos outros o que pensa. E em tudo que faz, ela nunca consulta os outros; em vez disso, se fecha, aparentemente se defendendo dos outros a cada passo. Ela se encobre o máximo possível. Esta não é uma pessoa astuta? Por exemplo, ela tem uma ideia que acha engenhosa e pensa: ‘Eu a guardarei para mim, por ora. Se eu a compartilhar, vocês podem usá-la e tirar vantagem dela. Ficarei calado’. Ou, se houver algo que não entende completamente, ela pensará: ‘Não me manifestarei agora. Se eu abrir a boca e alguém disser algo mais elevado, eu não vou parecer um tolo? Todos enxergarão através de mim, verão minha fraqueza. Não devo dizer nada’. Assim, qualquer que seja a perspectiva ou o raciocínio, qualquer que seja o motivo subjacente, essas pessoas temem que os demais enxergarão através delas. Elas sempre consideram seu dever e as pessoas, coisas e eventos com esse tipo de perspectiva e atitude. Que tipo de caráter é esse? Um caráter corrompido, enganoso e maligno” (Extraído de ‘Apenas praticando a verdade é possível possuir humanidade normal’ em “As declarações de Cristo dos últimos dias”). Quando li isso, senti um peso no coração. As palavras de Deus expunham perfeitamente meu estado verdadeiro, e as palavras “um caráter corrompido, enganoso e maligno” eram realmente pungentes e desconcertantes para mim. Pensei em como, por não me manifestar de forma direta ou não expressar minha opinião informalmente, embora parecesse que eu estivesse sendo muito sensata, na verdade estava cheia de maquinações. Tinha meus próprios pontos de vista e opiniões sobre os problemas que encarávamos, mas, quando não me sentia no controle das coisas, temia que aquilo que eu tinha a dizer fosse rejeitado, que eu perdesse o respeito dos outros e fosse desprezada por eles. Assim, eu me controlava, tentando sentir primeiro o que os outros pensavam para então partir desse ponto. Isso não era ser escorregadia e astuta? Eu sempre pensara que isso só se aplicava àquelas pessoas na sociedade que estavam sempre tramando, que eram traiçoeiras e astutas. Todos os meus amigos e colegas mundo afora concordavam que eu era uma pessoa honesta, sem segundas intenções em suas ações. Desde sempre, odiara pessoas que eram escorregadias como uma enguia, que sempre estavam tentando ver qual era a tendência antes de se manifestarem. Eu nunca tinha me visto como algo parecido com isso. Mas então percebi que, embora não contasse mentiras deslavadas e não agisse exatamente como essas pessoas, ainda assim eu era impulsionada por minha natureza astuta. Em tudo que fazia e dizia, eu sempre procurava ver a reação dos outros e simplesmente seguia o fluxo, com medo de parecer incompetente e de as pessoas me enxergarem como eu era. Eu era insincera a cada passo, me disfarçando para proteger minha reputação. Diante de qualquer dificuldade em meu dever, nunca compartilhava informalmente o que pensava, mas me mostrava astuta e enganadora, escondendo minhas opiniões e dificilmente dedicando qualquer pensamento aos interesses da casa de Deus. Por fim, percebi que eu era, de fato, uma pessoa escorregadia e astuta. Sempre achava que não ser uma pessoa muito faladeira era simplesmente parte da minha personalidade. Nunca tinha analisado o caráter satânico que se escondia por trás disso. Só então vi quão pouco eu conhecia a mim mesma.
Houve outra passagem das palavras de Deus que eu li e que realmente ajudou a esclarecer as coisas. Deus diz: “Satanás corrompe as pessoas por meio da educação e da influência de governos nacionais, dos famosos e grandes. Suas palavras diabólicas têm se tornado parte da vida-natureza do homem. ‘Cada um por si e o diabo pega quem fica por último’ é um ditado satânico popular que tem sido plantado em cada um e tem se tornado a vida do homem. Existem outros dizeres das filosofias para viver que também são semelhantes. Satanás usa a boa cultura tradicional de cada nação para educar as pessoas, fazendo com que a humanidade caia e afunde em um abismo de destruição sem limites, e no fim as pessoas são destruídas por Deus por servirem a Satanás e resistirem a Deus. […] Ainda restam muitos venenos satânicos na vida das pessoas, em sua conduta e comportamento; elas possuem quase nenhuma verdade. Por exemplo, suas filosofias para viver, suas maneiras de fazer as coisas e suas máximas estão todas repletas dos venenos do grande dragão vermelho, e todas elas vêm de Satanás. Assim, todas as coisas que fluem pelos ossos e sangue das pessoas são todas coisas de Satanás. […] A humanidade foi profundamente corrompida por Satanás. O veneno de Satanás flui pelo sangue de cada pessoa, e pode-se ver que a natureza do homem é corrupta, maligna e reacionária, repleta das filosofias de Satanás e imersa nelas — é, em sua totalidade, uma natureza que trai a Deus. É por isso que as pessoas resistem a Deus e se opõem a Deus” (Extraído de ‘Como conhecer a natureza do homem’ em “As declarações de Cristo dos últimos dias”). As palavras de Deus falaram diretamente aos recessos mais profundos do meu coração. Vi que tinha defendido filosofias satânicas o tempo todo: “Abra os ouvidos e feche a boca” e “O silêncio é de ouro, e quem fala muito erra muito”. Ao ser um “aparelho receptor” em vez de um “megafone” com os outros, eu não precisava exibir minhas fraquezas nem parecer tola. Pelo fato de eu reprimir o que queria dizer, muitas das minhas ideias erradas nunca vinham à luz, portanto é claro que ninguém podia apontar meus erros ou discordar de mim. Assim, eu podia preservar minha reputação e garantir que me respeitassem, e isso me convenceu ainda mais de que proceder segundo afirmativas como “O silêncio é de ouro” e “Abra os ouvidos e feche a boca” era a maneira mais sábia de se virar neste mundo. Após aceitar a obra de Deus Todo-Poderoso dos últimos dias, não pude evitar que essas coisas continuassem ditando minhas interações com os irmãos e irmãs. Senti que, contanto que eu não falasse muito ou que ficasse de boca fechada, ninguém descobriria minhas falhas e deficiências pessoais, e eu conseguiria proteger minha imagem. Eu vivia segundo essas filosofias satânicas e, toda vez que queria compartilhar meu próprio ponto de vista, sempre calculava perdas e ganhos e o que as outras pessoas pensariam a respeito. Se acreditasse que existia uma chance de eu passar vergonha, eu escolhia o caminho seguro de não dizer nem fazer nada. Esses venenos satânicos me deixaram cada vez mais escorregadia e astuta, e me levaram a ser o tipo de pessoa que critica após ver os resultados e a me proteger mais dos outros o tempo todo. Eu não tomava a iniciativa de me comunicar e me abrir, e meu trabalho com os outros era realmente deprimente e monótono. Não havia como fazer uma tarefa decente em meu dever desse jeito.
Quando reconheci isso, vim para diante de Deus em oração, pedindo que Ele me guiasse para resolver esse aspecto do meu caráter corrupto. Depois disso, passei a fazer um esforço consciente nas discussões com os irmãos e irmãs para abandonar meus motivos pessoais e começar a manifestar meus pensamentos voluntariamente sem me preocupar com a forma como isso poderia soar. Quando havia ideias ainda pouco desenvolvidas, eu as apresentava aos irmãos e irmãs para que as debatessem e discutissem; quando nos deparávamos com dificuldades no nosso dever, todos oravam e buscavam juntos, comunicando-se uns com os outros. Assim, conseguíamos encontrar um caminho para seguir adiante. Mas como eu tinha sido tão profundamente corrompida por Satanás, ainda havia muitas ocasiões em que não podia me impedir de agir de acordo com meu caráter corrupto. Certa vez, numa discussão sobre um problema em nosso dever, por acaso alguns supervisores estavam presentes. Pensei comigo mesma: “Não há nada de errado em trocar ideias com irmãos e irmãs, mas, com os supervisores presentes, o que acharão do meu calibre se meu raciocínio for errado e meu entendimento for nulo? E se eles acharem que não me encaixo bem nesse dever e me tirarem da equipe — o que os outros pensarão de mim? Jamais conseguirei andar de cabeça erguida de novo”. Atormentada com essas preocupações, não disse uma única palavra durante toda a discussão. Quando estávamos encerrando os trabalhos, um dos supervisores me perguntou por que eu não tinha falado absolutamente nada. Senti-me muito constrangida e culpada, e não soube o que dizer em resposta. Por fim, eu disse: “Essa foi mais uma das manifestações do meu caráter astuto. Eu temia acabar errando se falasse demais, então não ousei abrir a boca”. Mesmo depois desse fato, continuei me sentindo desconfortável. Embora tivesse admitido a corrupção que estava demonstrando, eu continuaria fazendo a mesma coisa na próxima situação semelhante? Refletindo sobre isso, vi que, embora eu tivesse algum autoconhecimento e me posicionasse em relação às palavras de Deus expondo esse problema, eu ainda assim vivia de acordo com esse caráter corrupto diante de um desafio. Eu não tinha me arrependido de fato nem me modificado. Vim para diante de Deus para orar, pedindo que Ele me guiasse para que eu pudesse me conhecer de verdade.
Mais tarde, li esta passagem das palavras de Deus: “Os anticristos acreditam que, se gostassem sempre de falar e de abrir seu coração para os outros, todos enxergariam através deles e veriam que eles não têm profundidade, que são apenas pessoas comuns, e então não mais os respeitariam. O que significa os outros não os respeitarem mais? Significa que eles não ocupam mais um lugar elevado no coração dos outros e que parecem ser bastante comuns, bastante simples, bastante normais. É isso que os anticristos não querem ver. É por isso que, quando veem alguém, num grupo, que sempre se desnuda e diz que tem sido negativo e rebelde contra Deus, e em quais questões ele errou ontem, e que hoje está em sofrimento e se sentindo mal por não ter sido uma pessoa honesta, os anticristos nunca dizem tais coisas, mas as escondem dentro de si. Há alguns que falam um pouco porque são de calibre pobre e de mente simples e não têm muitos pensamentos, por isso as palavras que dizem são poucas. A laia dos anticristos também fala pouco, mas não é esta a razão — ao contrário, é um problema em seu caráter. Falam pouco quando veem os outros, e quando os outros falam de algum assunto, eles não oferecem facilmente uma opinião. Por que eles não oferecem suas opiniões? Em primeiro lugar, eles certamente não têm a verdade e não conseguem enxergar a essência de questão nenhuma; assim que falam, cometem erros, e os outros os veem pelo que são. Por isso, fingem silêncio e profundidade, incapacitando os outros a avaliá-los corretamente, e até os levam a pensar que eles são brilhantes e excepcionais. Dessa forma, ninguém os achará triviais; vendo seu comportamento calmo e comedido, as pessoas os admirarão e não ousarão desprezá-los. Essas são a astúcia e a malícia dos anticristos; o fato de não oferecerem sua opinião prontamente é parte e porção desse seu caráter. Eles não oferecem suas opiniões prontamente não porque não as têm — eles têm algumas opiniões falaciosas e distorcidas, opiniões que não estão nada de acordo com a verdade, e até algumas opiniões que não podem aparecer à luz do dia — no entanto, seja qual for o tipo de opiniões que têm, eles não as oferecem livremente. Eles não as oferecem livremente não porque temem que os outros possam reclamá-las como suas, mas porque querem escondê-las; eles não ousam expor suas opiniões abertamente porque temem que elas sejam vistas pelo que são. […] Eles conhecem o próprio valor, e têm outro motivo, o mais vergonhoso de todos: desejam que os outros os tenham em alta estima. Isso não é a coisa mais repugnante?” (A Palavra, vol. 4: Expondo os anticristos, “Item Seis: Eles se comportam de maneira enganosa, são arbitrários e ditatoriais, nunca comungam com os outros e os obrigam a lhes obedecer”). Cada uma das palavras de Deus me acertou em meu âmago. Eu sempre tinha me agarrado às ideias de que “o silêncio é de ouro” e de que “quem fala muito erra muito”. Parecia que eu estava apenas protegendo minha própria imagem, com medo de dizer algo errado e de ser ridicularizada e humilhada, mas o nó da questão era que eu queria ganhar status aos olhos dos outros. Eu queria que tudo que eu dissesse, que todas as opiniões que expressasse ganhassem a admiração e a aprovação dos outros, conquistassem um “OK” deles. Com esse objetivo, eu era insincera e me disfarçava, sempre quebrando a cabeça, obcecada com tudo que dizia e fazia para que os outros me vissem como uma pessoa de bom raciocínio e perspicaz. Em discussões com supervisores, eu estava particularmente preocupada em proteger minha imagem e meu status, por isso não ousava compartilhar minhas opiniões, achando que não seria um problema se eu estivesse certa, mas que, se não estivesse, revelaria minha falta de entendimento. Então, se os supervisores não se impressionassem comigo e eu perdesse meu dever, meu status entre todos os outros ficaria completamente arruinado. Abrigando esses motivos sinistros, eu ficava de boca fechada, com medo de expor meus pensamentos e opiniões, nem mesmo ousando dizer um simples “Não tenho certeza se entendo isso”. Isso era desprezível, muito vergonhoso! Percebi que, em minha colaboração com os outros em meu dever e em minhas interações no dia a dia com irmãos e irmãs, eu era quieta e parecia ser honesta por fora, mas por dentro estava abrigando minha astúcia. Eu escondia minha feiura, me disfarçando e enganando as pessoas. E até mesmo nas reuniões, quando comungávamos sobre a verdade e conversávamos sobre problemas, eu ainda tentava me deixar levar pela corrente, esperando proteger meu status e minha imagem aos olhos dos outros. Amava minha própria imagem e minha reputação muito mais do que amava a verdade e justiça — esse era totalmente o caráter astuto e maligno de um anticristo que eu estava revelando. A essa altura de minha reflexão, vi como meu estado era perigoso. Pensei em como, na Era da Graça, Deus tinha dito àqueles que não faziam Sua vontade: “Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7:23). Eu tinha fé, mas não colocava as palavras de Deus em ação e não estava tomando nenhuma medida prática para satisfazer a Deus; eu não era capaz de me abrir em comunhão com os irmãos e irmãs e de ser honesta. Em vez disso, estava sempre encobrindo meu lado indesejável, tentando de tudo para proteger minha imagem e enganar os outros para que eles me admirassem. Estava competindo por status com Deus e me encontrava na senda de um anticristo de oposição a Deus. Eu sabia que, se não me arrependesse, acabaria sendo eliminada por Deus. Quando entendi isso, finalmente me enchi de repulsa contra minha natureza corrupta e também vi como seria perigoso continuar nesse tipo de busca. Eu precisava vir para diante de Deus e me arrepender assim que possível, renunciar à carne e colocar as palavras de Deus em prática.
Depois disso, quando me abri com os irmãos e irmãs sobre meu estado, uma irmã me enviou uma passagem das palavras de Deus: “Quando as pessoas cumprem seu dever ou qualquer trabalho diante de Deus, seu coração deve ser puro como um jarro de água cristalina — sua atitude deve ser correta. Que tipo de atitude é correta? Não importa o que você esteja fazendo, você é capaz de compartilhar com os outros tudo que estiver em seu coração, quaisquer ideias que você possa ter. Se disserem que sua ideia não funciona e derem uma sugestão diferente, você ouvirá e dirá: ‘Boa ideia, vamos fazer isso. A minha não era boa, carecia de entendimento, não era desenvolvida’. A partir de suas palavras e ações, todos verão que você tem princípios cristalinos em sua conduta, que não há escuridão em seu coração e que você age e fala com sinceridade, confiando numa atitude de honestidade. Você dá nome aos bois. Se é, é; se não é, não é. Sem truques, sem segredos, apenas uma pessoa muito transparente. Isso não é um tipo de atitude? Essa é uma atitude em relação a pessoas, eventos e coisas que representa o caráter dessa pessoa” (Extraído de ‘Apenas praticando a verdade é possível possuir humanidade normal’ em “As declarações de Cristo dos últimos dias”). Li também esta passagem das palavras de Deus: “Deus diz às pessoas que não devem ser enganosas, mas ser honestas, falar honestamente e fazer coisas honestas. O significado de Deus dizer isso é para permitir que as pessoas tenham uma semelhança humana verdadeira, para que não tenham a semelhança de Satanás, que fala como uma serpente se arrastando pelo chão, sempre equivocando, obscurecendo a verdade da questão. Isto é, é dito para que as pessoas, tanto em palavra como ação, possam viver uma vida digna e reta, sem um lado escuro, sem qualquer coisa vergonhosa, com um coração puro, com um exterior que esteja em harmonia com aquilo que está no interior; elas dizem tudo que está em seu coração e não enganam ninguém nem enganam a Deus, não retendo nada, com o coração igual a um pedaço de terra pura. Esse é o objetivo de Deus ao exigir que as pessoas sejam pessoas honestas” (Extraído de ‘O homem é o maior beneficiário do plano de gerenciamento de Deus’ em “As declarações de Cristo dos últimos dias”). Vi nessas passagens que Deus gosta de pessoas honestas. Uma pessoa honesta é simples e direta, sem nenhuma enganação ou astúcia em relação a Deus, e é sincera com os outros. Fala o que está em seu coração sem distorcê-lo para que tanto Deus como o homem possam ver seu coração verdadeiro. É assim que uma pessoa deve se apresentar — diretamente e às claras. Uma pessoa honesta ama a verdade e ama as coisas positivas, de modo que ela ganha a verdade mais facilmente e pode ser aperfeiçoada por Deus. Eu, por outro lado, não conseguia dizer uma única palavra de coração em minhas interações e colaborações com os outros. Não se via transparência em minha fala nem em minhas ações — eu era sombria e astuta, e não havia como eu pudesse entender ou ganhar a verdade. De fato, Deus conhece meu calibre por dentro e por fora, e sabe também quão profundo é meu entendimento da verdade. Meu disfarce pode conseguir enganar outras pessoas, mas jamais enganará a Deus. Deus podia ver como era maligno e repugnante o fato de eu estar sempre fazendo joguinhos e sendo desonesta, portanto não havia como Ele operar para me guiar. No entanto, colocar a verdade em prática como Deus exige e ser uma pessoa honesta que se abre para os outros — estando eu errada ou não em meu ponto de vista — será menos exaustivo para mim e também traz alegria para Deus. Além disso, é somente abrindo a boca que posso saber em que estou errada; então outras pessoas podem me dar dicas e me ajudar, que é a única maneira de eu fazer progressos. Embora signifique que eu perca um pouco do meu prestígio, isso é muito benéfico para meu entendimento da verdade e para meu crescimento na vida.
Antes, eu realmente não fazia ideia de como me comportar. Mas, uma vez que Deus nos tomou pela mão para nos ensinar a falar e agir, conseguimos viver uma semelhança humana. Vim a entender as intenções sinceras de Deus e me senti muito encorajada, assim como ganhei uma senda de prática. Depois disso, ao trabalhar com irmãos e irmãs ou ao me comunicar com os supervisores no meu dever, comecei a trabalhar para me abrir e para não ser dissimulada, para parar de proteger minha reputação e meu status. Tentei compartilhar o que realmente pensava, ser direta com irmãos e irmãs. Consegui dizer abertamente aos irmãos e irmãs que minhas ideias ainda não estavam amadurecidas, que meu entendimento era superficial ou que meu pensamento era simplista e que eles eram bem-vindos para corrigir o que me faltava. Essa prática realmente me libertou. Além disso, dizer algo errado não era humilhante; na verdade, o fato de estar constantemente me disfarçando e criando uma fachada falsa para que os outros me admirassem é que constituía algo hipócrita e descarado. Não demorou e comecei a trabalhar com a irmã com quem tivera passado mais tempo na equipe. Ela se deu bem em nosso trabalho e na comunicação da verdade, de modo que eu relutava em expressar minhas visões em meu trabalho com ela para não revelar minhas falhas e parecer ser mais sensata. Quando essa ideia me veio à mente, percebi de imediato que estava mais uma vez querendo me disfarçar, então orei a Deus e renunciei a mim mesma. A partir disso, em minhas discussões de trabalho com aquela irmã, não me segurei mais e fiz questão de compartilhar meu ponto de vista. Essas discussões mútuas me ajudaram a ver se meu ponto de vista era realmente válido ou não e onde ele poderia estar apresentando uma falha. Ela pôde enxergar minhas fraquezas e me dar sugestões apropriadas. Esse tipo de colaboração me permitiu fazer progressos em meu trabalho e no que concerne a entender princípios. Minha experiência foi que, ao me dispor a me comunicar e a conversar com os outros, ao ser uma pessoa honesta e cumprir meu dever colocando-me diretamente diante de Deus, a escuridão em meu coração diminuiu bastante e me senti bem mais à vontade. Também comecei a ter um melhor desempenho no meu dever. Dou graças sinceras a Deus pela orientação!
Tendo lido até aqui, você é uma pessoa abençoada. A salvação de Deus dos últimos dias virá até você.