Depois que meu tio foi expulso
Meu tio é médico de medicina tradicional chinesa. Quando eu tinha dez anos de idade, sofri um acidente e não conseguia parar de vomitar sangue, e foi meu tio que me salvou no momento crítico. Sempre me lembrei dessa gentileza que salvou minha vida, e achava que devia retribuir ao meu tio de forma adequada quando crescesse. Em 2008, meu pai faleceu devido a uma doença. Quando toda a nossa família estava em luto profundo, meu tio espalhou o evangelho de Deus Todo-Poderoso dos últimos dias para nós. Isso nos deu não só um apoio, mas também uma chance de buscar a verdade e alcançar salvação, o que me deixou ainda mais grata ao meu tio. Devido à morte do meu pai, minha mãe teve dificuldade de arcar com as despesas de educação dos três filhos. Então meu tio me levou para sua casa, onde eu poderia acreditar em Deus e, ao mesmo tempo, estudar medicina com ele. Eu morava e comia em sua casa. Minha saúde não era muito boa, e meu tio sempre preparava alimentos nutritivos para mim. Ele me tratava como uma filha, por isso, eu era muito grata a ele e achava que, se ele tivesse alguma dificuldade no futuro, desde que fosse algo em que eu pudesse ajudá-lo, eu faria qualquer coisa por ele.
Em 2011, a igreja determinou que meu tio era uma pessoa maligna. Ele era arrogante, convencido, causava problemas insensatos e não aceitava a verdade de forma alguma. Ele atormentava aqueles que lhe davam sugestões e frequentemente julgava, atacava e condenava líderes e obreiros. Ele provocava conflitos entre os irmãos e os líderes, o que causava graves perturbações na vida e no trabalho da igreja. Os irmãos eram tão reprimidos por ele que não ousavam interagir com ele, e ele se recusava a se arrepender, apesar de repetidas comunhões. A igreja decidiu expulsá-lo. Naquele momento, a líder perguntou se eu concordaria em assinar meu nome, e eu me vi em um grande dilema. O comportamento do meu tio era muito óbvio; até eu tinha sido levada às lágrimas por seu desprezo e ataques. Mas pensei: “Se eu assinar meu nome e ele descobrir, o que ele vai pensar de mim? Meu tio salvou minha vida quando eu era pequena, espalhou o evangelho para nós e me ensinou medicina. Ele é bom comigo de muitas maneiras; se eu assinar, ele não dirá que sou insensível e ingrata?”. Nesse momento, porém, a líder leu uma passagem das palavras de Deus que realmente me tocou. Deus diz: “Por qual princípio as palavras de Deus pedem que as pessoas tratem os outros? Ame o que Deus ama e odeie o que Deus odeia: esse é o princípio que deveria ser seguido. Deus ama aqueles que buscam a verdade e são capazes de seguir Sua vontade; essas também são as pessoas que nós deveríamos amar. Aquelas que não são capazes de seguir a vontade de Deus, que odeiam e se rebelam contra Deus — essas pessoas são detestadas por Deus, e nós também deveríamos detestá-las. Isso é o que Deus pede ao homem. […] Durante a Era da Graça, o Senhor Jesus disse: ‘Quem é Minha mãe? E quem são Meus irmãos?’, ‘Pois qualquer que fizer a vontade de Meu Pai que está nos céus, esse é Meu irmão, irmã e mãe’. Essas palavras já existiam lá na Era da Graça, e agora as palavras de Deus são ainda mais claras: ‘Ame o que Deus ama e odeie o que Deus odeia’. Essas palavras vão direto ao ponto, mas em geral as pessoas são incapazes de compreender seu significado verdadeiro” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Só ao reconhecer as próprias opiniões equivocadas pode-se realmente se transformar”). Ao ler as palavras de Deus, eu me senti um pouco culpada. Obviamente, meu tio tinha agido como uma pessoa maligna, mas eu ainda não queria assinar meu nome. Eu não estava tolerando suas contínuas interrupções e perturbações na igreja? Eu não deveria agir com base no afeto, mas praticar de acordo com as palavras de Deus: “Amar o que Deus ama e odiar o que Deus odeia”. Então, assinei meu nome.
Em 2012, a decisão de expulsar meu tio veio, e eu sempre tinha medo de encará-lo. Mais tarde, quando meu tio descobriu que eu tinha assinado, ele me repreendeu pela falta de discernimento e me chamou de idiota! Ao ouvi-lo dizer isso, eu soube que ele não havia refletido sobre nem entendido seus atos malignos nem um pouco, mas eu ainda me perguntava se eu tinha sido insensível e ingrata demais ao assinar meu nome. Mais tarde, devido às necessidades do dever, saí da casa do meu tio. Embora eu não precisasse mais encarar meu tio, suas palavras de repreensão ainda permaneciam em minha mente. Especialmente porque, depois, algo aconteceu que me fez sentir ainda mais em dívida para com ele, e acabei fazendo algo que resistiu a Deus.
Já quase no final de 2016, eu estava longe de casa desempenhando meu dever, e os irmãos me mandaram para o hospital devido a uma pneumonia grave e um derrame pleural. Meu tio correu para o hospital e cuidou de mim incansavelmente, gastou dinheiro e esforço. Minha pressão arterial estava perigosamente baixa, e ele me tratou com acupressão. Quando recebi alta, ele até preparou medicina tradicional chinesa para me ajudar a me recuperar. Quando vi que ele ainda me tratava bem, apesar de eu ter assinado sua expulsão, a culpa que eu sentia por ele aumentou. Durante esse período, meu tio me contou que ele tinha continuado a espalhar o evangelho nos últimos anos, mesmo depois de ser expulso, levando várias pessoas a Deus. Ele até foi preso pelo PC Chinês por pregar o evangelho. Sua casa foi revistada, confiscaram seus bens e fecharam a farmácia. Ele perdeu mais de 100.000 yuans. Apesar da perseguição do grande dragão vermelho, ele não revelou onde os livros das palavras de Deus estavam guardados. Mas, quando o PC Chinês pediu-lhe para identificar as fotos dos irmãos, ele admitiu que uma das irmãs era uma líder. Era a líder que o havia expulsado alguns anos atrás. Depois de me contar tudo isso, ele me repreendeu por não ter consciência, disse que me via como uma filha e que cuidava de mim como um pai, mas que eu não tinha demonstrado nenhum sentimento humano e tinha agido como um animal de sangue frio. Ao ouvi-lo falar sobre essas coisas, senti-me em dívida com ele e também me solidarizei com ele. Nessa época, por acaso ouvi os líderes superiores dizerem que os que foram removidos mostrassem arrependimento e ainda cressem em Deus e pregassem o evangelho, eles poderiam ser readmitidos à igreja. Isso me fez pensar em meu tio. Pensei que, mesmo expulso, ele ainda pregava o evangelho nos últimos anos. Mesmo preso e interrogado pelo PC Chinês, ele não negou a Deus. Então, não era possível meu tio ser readmitido à igreja? Mesmo que apenas espalhasse o evangelho e labutasse para compensar os erros do passado, isso seria ótimo. Depois disso, se outros lhe comunicassem mais as palavras de Deus, ele não poderia começar, aos poucos, a refletir sobre o mal que tinha cometido e alcançar arrependimento e mudança? Se eu conseguisse fazer com que ele fosse readmitido à igreja, ele não veria que eu tinha um pouco de consciência e não era uma pessoa tão ingrata? Quando esse pensamento passou pela minha mente, foi como se eu tivesse encontrado uma chance de me redimir e retribuir a gentileza dele. Então escrevi à líder, relatando os bons comportamentos de meu tio. Mas quanto ao fato de ele ter identificado a foto da líder da igreja para o grande dragão vermelho e reclamar na minha frente e me repreender, eu ignorei tudo isso. Mais tarde, os líderes arranjaram para que alguém fosse encontrá-lo para ver se ele atendia aos critérios para ser aceito. Alguns dias depois, uma irmã me disse: “Quando fomos falar com seu tio e perguntamos como ele havia refletido sobre si mesmo e tentado se conhecer, ele ficou exasperado e disse: ‘Vocês não estão aqui para investigar os fatos. Vocês e os líderes estão apenas encobrindo uns aos outros; estão todos metidos nisso juntos’. Ele parecia estar prestes a nos bater, e foi sua tia que o convenceu a não fazer isso e o segurou. Então, ele começou a gesticular e falar alto sobre o passado, criticando, e recusou-se largar isso, atacando e julgando os líderes. Vimos que ele não tem nenhum entendimento de si mesmo e não está apto a ser aceito”. Depois, a irmã comunicou como discernir e perceber a essência de meu tio, e me perguntou como eu entendia o assunto. Diante do comportamento de meu tio, não havia nada que eu pudesse dizer; ele realmente não estava apto a ser aceito.
Mais tarde, procurei as palavras de Deus que eram relevantes para meus problemas. Li estas palavras de Deus: “Todos que foram corrompidos por Satanás têm caráter corrupto. Alguns não têm nada além de caráter corrupto, enquanto outros são diferentes: eles não só têm caráter satânico corrupto, mas sua natureza é também extremamente maliciosa. Não só suas palavras e ações revelam seu caráter satânico corrupto; essas pessoas são, além disso, os genuínos diabos e satanases” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Um alerta para aqueles que não praticam a verdade”). “Quem é Satanás, quem são os demônios, quem são os inimigos de Deus se não os que resistem e que não acreditam em Deus? Não são eles as pessoas que se rebelam contra Deus? Não são eles os que alegam ter fé, mas carecem da verdade? Não são eles aqueles que meramente buscam obter bênçãos, mas são incapazes de dar testemunho de Deus? Você ainda se mistura com esses demônios hoje e os trata com consciência e amor, mas, nesse caso, você não está estendendo boas intenções a Satanás? Você não está em conluio com demônios? Se as pessoas chegaram a esse ponto e ainda são incapazes de distinguir entre o bem e o mal e continuam cegamente a ser amorosas e misericordiosas sem qualquer desejo de buscar as intenções de Deus ou de serem capazes, de alguma forma, de tomar as intenções de Deus como se fossem suas, então seus desfechos serão ainda mais miseráveis. Qualquer um que não acredita no Deus na carne é um inimigo de Deus. Se você pode ter consciência e amor por um inimigo, não lhe falta um senso de retidão? Se você é compatível com aqueles que Eu detesto e dos quais discordo e ainda tem amor ou sentimentos pessoais para com eles, você não é rebelde? Você não está resistindo intencionalmente a Deus? Tal pessoa possui verdade? Se as pessoas têm consciência para com os inimigos, amor pelos demônios e misericórdia para com Satanás, elas não estão interrompendo intencionalmente a obra de Deus?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Deus e o homem entrarão em descanso juntos”). As palavras de Deus fizeram com que me sentisse profundamente julgada. Meu tio já estava expulso havia vários anos. Se ele tivesse um pouco de consciência ou razão, depois de fazer tantas coisas que prejudicaram as pessoas, interromperam e perturbaram a vida da igreja e resistiram a Deus, ele teria ficado com um peso na consciência. Ele teria refletido sobre si mesmo, sentido remorso e se arrependido. Em particular, os irmãos e eu nos comunicamos com ele e apontamos seus problemas durante esse período, mas ainda assim ele não teve o menor autoentendimento, até me odiou nos últimos anos e odiou a líder ainda mais. Ele acreditava que sua expulsão havia sido causada exclusivamente por outros, abrigava ressentimento contra a líder que o expulsou, e até identificou a foto dela para o grande dragão vermelho. Depois disso, ele continuou a espalhar seus preconceitos contra a líder, e a condenou como falsa líder e anticristo. Ficou claro que ele tinha a essência de uma pessoa maligna, que sua natureza era avessa à verdade e a odiava, e que ele nunca se arrependeria nem mudaria. Confrontada com uma pessoa tão completamente maligna, fiquei enfatizando ter consciência e retribuir sua bondade, cheguei até a defendê-lo e falar bem dele, esperando que ele fosse readmitido à igreja. Eu era muito cega e tola, incapaz de distinguir o bem do mal. Eu não estava tentando agradar a Satanás, ficando do lado de pessoas malignas e resistindo a Deus?
Mais tarde, li uma passagem das palavras de Deus e ganhei algum entendimento do caráter justo de Deus. Então, senti ainda mais fortemente que meu tio não deveria ser readmitido à igreja. Deus diz: “Eu não Me importo com quão merecedor seu árduo trabalho seja, quão impressionantes sejam as suas qualificações, quão de perto você Me siga, quão renomado você seja ou o quanto melhorou a sua atitude; enquanto você não tiver feito o que Eu exigi, você nunca será capaz de ganhar o Meu louvor. Cancelem todos aqueles seus cálculos e ideias o mais rápido possível e comecem a levar as Minhas exigências a sério; caso contrário, transformarei todas as pessoas em cinzas a fim de pôr fim à Minha obra e, na pior das hipóteses, transformar Meus anos de operação e sofrimento em nada, pois não posso trazer Meus inimigos e aquelas pessoas que cheiram a maldade e têm a aparência de Satanás para o Meu reino ou levá-las para a próxima era” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “As transgressões levarão o homem para o inferno”). Depois de ler as palavras de Deus, pude sentir o caráter santo, justo e inofendível de Deus, e também entendi os princípios que Deus tem para tratar as pessoas. Quando ouvi os líderes de nível superior dizerem que, se aqueles que haviam sido expulsos continuassem a acreditar em Deus, continuassem a espalhar o evangelho e demonstrassem arrependimento, eles poderiam ser readmitidos à igreja, comparei isso com o comportamento externo de meu tio. Achei que ele tinha continuado a espalhar o evangelho depois de ser expulso e não havia negado a Deus ao ser preso e perseguido pelo grande dragão vermelho, e, portanto, pensei que ele ainda poderia ser aceito apesar da falta de autorreflexão e autoentendimento. Depois de ler as palavras de Deus, percebi que Deus tem padrões para avaliar as pessoas, e a igreja também tem princípios para aceitar as pessoas. Especialmente em relação àqueles que foram expulsos no passado por cometerem o mal, é crucial avaliar se eles realmente entenderam seus atos malignos, se arrependeram e mudaram. Se não fizeram isso, jamais poderão ser readmitidos à igreja. Depois que meu tio foi expulso, embora tenha continuado a espalhar o evangelho, mostrando alguns bons comportamentos, ele não refletiu nem compreendeu nem um pouco seus atos malignos anteriores, nem sua natureza corrupta. Não importava quanto se comunicavam com ele e apontavam os problemas dele ou o podavam e expunham, ele não alcançou nenhuma percepção, chegou a ser hostil com qualquer pessoa que o incentivasse a refletir sobre si mesmo, e espalhou preconceitos contra os líderes, desorientou as pessoas e perturbou a vida de igreja. Sobre um malfeitor, um diabo tão óbvio, Deus diz: “Pois não posso trazer Meus inimigos e aquelas pessoas que cheiram a maldade e têm a aparência de Satanás para o Meu reino ou levá-las para a próxima era”. Mesmo assim, eu o defendi, querendo que ele fosse readmitido à igreja. Eu não estava me opondo a Deus? Ao perceber isso, senti ainda mais que eu não entendia a verdade e que era extremamente ignorante e tola!
Mais tarde, como eu ainda precisava me recuperar da minha doença, eu interagia frequentemente com meu tio. Seu comportamento piorou ainda mais; ele não só julgava os líderes, como também falava com arrogância e julgava o homem usado pelo Espírito Santo. Isso me fez ver ainda mais claramente sua essência de odiar a verdade e ser um inimigo de Deus. Também me senti culpada e arrependida por tê-lo defendido no passado. Não pude deixar de me perguntar: “Por que eu sempre quis retribuir a bondade de uma pessoa tão maligna?”. Nunca consegui descobrir o motivo até que, mais tarde, li uma passagem das palavras de Deus e descobri a causa principal do problema. Deus Todo-Poderoso diz: “Afirmações sobre a conduta moral, como ‘uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão’, não dizem às pessoas exatamente quais são suas responsabilidades dentro da sociedade e dentre a humanidade. Em vez disso, são uma forma de obrigar ou forçar as pessoas a agir e pensar de certa forma, a despeito de elas quererem ou não, e em qualquer contexto ou circunstância em que esses atos de gentileza lhes aconteçam. Existem muitos exemplos da China antiga de gentilezas retribuídas. Por exemplo, um garoto mendigo faminto foi acolhido por uma família que o alimentou, vestiu e treinou em artes marciais, e ensinou-lhe todo tipo de conhecimento. A família esperou até ele crescer e então começou a usá-lo como fonte de renda, enviando-o para cometer o mal, matar pessoas e fazer coisas que ele não queria fazer. Se você analisar essa história à luz de todos os favores que ele recebeu, o fato de ele ter sido salvo foi uma coisa boa. Mas se você considerar o que ele foi forçado a fazer depois, isso foi realmente bom ou ruim? (Foi ruim.) Mas, sob o condicionamento da cultura tradicional, como ‘uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão’, as pessoas não conseguem fazer essa distinção. Por fora, parece que o garoto não teve escolha senão fazer coisas malignas e magoar pessoas, tornar-se um assassino — coisas que a maioria das pessoas não desejaria fazer. Mas o fato de ele ter feito essas coisas más e de ter matado a mando de seu mestre não veio, lá no fundo, de um desejo de retribuir a gentileza deste? Especialmente devido ao condicionamento da cultura tradicional chinesa, tal como ‘uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão’, as pessoas não conseguem deixar de ser influenciadas e controladas por essas ideias. Seu jeito de agir e as intenções e motivações por trás dessas ações certamente são constrangidos por elas. Quando o garoto foi colocado nessa situação, qual deve ter sido seu primeiro pensamento? ‘Eu fui salvo por essa família, e ela foi boa comigo. Não posso ser ingrato, devo retribuir sua gentileza. Eu lhes devo a minha vida, portanto devo devotá-la a eles. Devo fazer tudo que pedirem de mim, mesmo que isso signifique cometer o mal e matar pessoas. Não posso considerar se isso é certo ou errado, devo simplesmente retribuir sua gentileza. Eu ainda seria digno de ser chamado de humano se não fizesse isso?’ Como resultado, sempre que a família queria que ele matasse alguém ou fizesse algo mau, ele o fazia sem qualquer reserva ou hesitação. Então, toda a sua conduta, todas as suas ações e sua obediência incondicional não eram ditadas pela ideia e opinião de que ‘uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão’? Ele não estava cumprindo esse critério de conduta moral? (Sim.) O que esse exemplo lhes mostra? O ditado ‘uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão’ é uma coisa boa ou não? (Não é, não há princípios nisso.) Na verdade, uma pessoa que retribui uma gentileza tem um princípio. A saber, que uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão. Se alguém lhe faz uma gentileza, você deve fazer uma em troca. Se você não consegue fazer isso, você não é humano, e não há nada que poderá dizer se for condenado por isso. Como diz o ditado: ‘a gentileza de uma gota d’água deve ser retribuída com uma fonte jorrante’, mas, nesse caso, o garoto recebeu não um ato pequeno de gentileza, mas uma gentileza que salvou sua vida, assim, ele teve uma razão ainda maior para retribuí-la com uma vida. Ele não sabia quais eram os limites ou os princípios de retribuir uma gentileza. Ele acreditava que sua vida tinha sido dada a ele por essa família, por isso ele tinha que se dedicar a ela em troca e fazer tudo que ela exigia dele, incluindo assassinatos e atos malignos. Esse jeito de retribuir gentileza não tem princípios nem limites. Ele serviu como cúmplice de malfeitores e arruinou a si mesmo no processo. Foi correto da parte dele retribuir gentileza desse jeito? É claro que não. Foi um jeito tolo de fazer as coisas” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade I, “O que significa buscar a verdade (7)”). Depois de ler as palavras de Deus, reconheci que eu sempre me sentia em dívida e culpada em relação ao meu tio e queria me redimir e retribuir sua bondade. E foi principalmente por eu ter sido limitada e constrangida pelo pensamento moral de que “uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão” e “a gentileza de uma gota d’água deve ser retribuída com uma fonte jorrante”. Eu acreditava que, se alguém tivesse me ajudado quando eu mais precisava ou salvado a minha vida em um momento de crise, eu tinha que me lembrar dessa bondade para sempre e retribuí-la adequadamente no futuro. Somente assim eu teria consciência e humanidade. Se eu não soubesse retribuir a gentileza, eu seria uma pessoa ingrata e sem humanidade, e seria desprezada e chamada de miserável ingrata. Veja minha mãe, por exemplo. Ela tem quatro irmãos, e, no passado, a família dela passou por dificuldades financeiras. Para pagar os estudos do meu tio mais velho, meu tio mais novo e minha mãe desistiram da chance de continuar estudando. Por fim, meu tio mais velho conseguiu um emprego estável, e, no começo, a família esperava que ele ajudaria a sustentar os irmãos. Entretanto, não só ele não ajudava os irmãos, como também não sustentava a própria mãe. Todos os nossos parentes e amigos o chamaram de ingrato, e ele se tornou alguém que todos desprezavam. Enquanto isso, meu tio mais novo era o que mais despendia pelos irmãos e pelos pais. Como meu tio mais velho não sustentava minha avó, ele assumiu a responsabilidade sozinho, e, portanto, era o mais louvável e respeitável aos olhos de todos. Tendo crescido em um ambiente como esse, senti que deveria me tornar uma pessoa com consciência no futuro, alguém que soubesse retribuir a gentileza. Foi a influência desse tipo de pensamento que me tornou incapaz de, quando as coisas me acometiam, discernir o certo do errado ou o tipo de pessoa a quem eu estava retribuindo, e não me importava se as minhas ações estavam de acordo com as verdades princípios. Bastava alguém ser bondoso comigo, e eu sentia o impulso de lembrar e retribuir. Assim como com meu tio, quando chegou a hora de eu assinar meu nome para expulsá-lo, por ele ter salvado a minha vida, espalhado o evangelho de Deus dos últimos dias para nós e me tratar como uma filha, por causa dessa bondade, foi difícil assinar. Eu temia que isso me tornaria uma pessoa ingrata que não tinha consciência. Acabei assinando, mas a minha consciência não conseguiu superar isso, e eu me sentia em dívida com ele. Além disso, quando fiquei doente enquanto desempenhava meu dever fora de casa, meu tio correu por aí e investiu muito dinheiro e esforço para cuidar de mim, o que me fez me sentir ainda mais culpada. Então, quando os líderes de nível superior comunicaram os princípios para aceitar pessoas, eu quis aproveitar essa oportunidade para retribuir ao tio. Como consequência, embora estivesse claro que o meu tio não tinha refletido nem entendido o mal que havia cometido nos últimos anos e até abrigasse ressentimentos por sua expulsão, e tivesse identificado a líder da igreja que o expulsou para o grande dragão vermelho, por ser controlada pelo pensamento de que “uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão”, falei bem dele na frente dos líderes, encobri e ocultei o mau comportamento dele na esperança de que ele fosse aceito de volta na igreja, permitindo que eu pagasse a minha dívida. Eu percebi que o pensamento tradicional de que “uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão” estava me constrangendo, me tornando incapaz de distinguir o bem do mal, o certo do errado. Isso me fazia agir sem nenhum princípio ou base moral. Agora era o momento de purificar a igreja e expurgar pessoas malignas, anticristos e descrentes. Se eu ainda focava ter consciência e retribuir a bondade de pessoas malignas, querendo readmiti-las à igreja, eu não estava sendo cúmplice dos malfeitores e causando interrupções e perturbações? Qual era a diferença entre o meu comportamento e o do mendigo que cometeu assassinato para retribuir uma bondade? Quando entendi isso, vi claramente a falácia e o veneno do pensamento moral tradicional de que “uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão”. É uma falácia absolutamente desorientadora e corruptora.
Depois disso, li mais das palavras de Deus: “O conceito da cultura tradicional de que ‘uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão’ precisa ser discernido. A parte mais importante é a palavra ‘gentileza’ — como vocês deveriam ver essa gentileza? A que aspecto e natureza de gentileza ela se refere? Qual é a importância de ‘uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão’? As pessoas precisam descobrir as respostas a essas perguntas e, sob circunstância alguma, devem ser constrangidas por essa ideia de retribuir gentileza — para qualquer um que busca a verdade, isso é absolutamente essencial. O que é ‘gentileza’ de acordo com as noções humanas? Num nível inferior, gentileza é quando alguém ajuda você quando você está encrencado. Por exemplo, quando alguém lhe dá uma tigela de arroz quando você está morrendo de fome, ou uma garrafa de água quando você está morrendo de sede, ou quando ele ajuda você a se levantar quando você cai e não consegue se levantar. Todos esses são atos de gentileza. Um grande ato de gentileza é quando alguém resgata você quando você está em apuros — essa é uma gentileza que salva uma vida. Quando você está em perigo mortal e alguém o ajuda a evitar a morte, em essência, ele está salvando sua vida. Essas são algumas das coisas que as pessoas percebem como ‘gentileza’. Esse tipo de gentileza ultrapassa, e muito, qualquer favor material insignificante — é uma gentileza grande que não pode ser medida em termos de dinheiro ou coisas materiais. Aqueles que a recebem sentem um tipo de gratidão que é impossível de expressar com apenas algumas palavras de agradecimento. No entanto, é preciso que as pessoas avaliem a gentileza desse jeito? (Não é.) Por que você diz que não é preciso? (Porque essa medida se baseia nos padrões da cultura tradicional.) Essa é uma resposta baseada em teoria e doutrina, e, embora pareça ser correta, ela não chega ao âmago da questão. Como, então, podemos explicar isso em termos práticos? Pensem com cuidado. Algum tempo atrás, Eu soube de um vídeo da internet em que um homem deixa cair sua carteira sem perceber. Um cachorrinho pega a carteira e corre atrás dele, e quando o homem vê isso, ele bate no cachorro por roubar a carteira. Absurdo, não é? O homem tem menos moral do que o cachorro! As ações do cachorro estavam completamente de acordo com os padrões humanos de moralidade. Um humano teria exclamado: ‘Você deixou cair sua carteira!’. Mas, já que o cachorro não podia falar, ele pegou a carteira em silêncio e correu atrás do homem. Então, se um cachorro consegue mostrar os bons comportamentos encorajados pela cultura tradicional, o que isso diz sobre os humanos? Os humanos nascem com consciência e razão, portanto são ainda mais capazes de fazer essas coisas. Contanto que alguém tenha o senso de sua consciência, ele consegue cumprir esses tipos de responsabilidades e obrigações. Não é necessário esforçar-se muito nem pagar um preço, isso exige um pouco de esforço e é simplesmente uma questão de fazer algo útil, algo benéfico para os outros. Mas será que a natureza desse ato realmente se qualifica como ‘gentileza’? Chega a alcançar o nível de um ato de gentileza? (Não.) Já que não, as pessoas precisam falar sobre o retribuir? Isso seria desnecessário” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade I, “O que significa buscar a verdade (7)”). “Se Deus quer salvá-lo, não importa os serviços de quem Ele use para realizar isso, você deve primeiro agradecer a Deus e aceitar isso Dele. Você não deve direcionar sua gratidão exclusivamente a pessoas, muito menos deve oferecer sua vida a alguém, em gratidão. Isso é um erro grave. A coisa crucial é que seu coração seja grato a Deus e que você aceite isso Dele” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade I, “O que significa buscar a verdade (7)”). Depois de ler as palavras de Deus, ganhei um novo entendimento e uma nova definição da “gentileza” mencionada na frase “uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão”. Eu achava que, se alguém oferecia ajuda ou até mesmo salvava a minha vida quando eu enfrentava dificuldades ou perigos ou quando minha vida estava em risco, isso era uma grande gentileza que eu deveria lembrar e retribuir no futuro. Agora, por meio das palavras de Deus, percebi que tudo isso não podia ser chamado de gentileza; era simplesmente o instinto das pessoas, algo que qualquer pessoa com consciência poderia fazer. Com relação ao meu tio, como médico, salvar a minha vida quando ele viu que eu estava em perigo foi algo bem normal, e era responsabilidade dele. Além disso, meu sopro vem de Deus, e minha vida e morte estão sob a soberania de Deus. Não estou viva apenas porque meu tio me salvou. Quando, após a morte do meu pai, minha mãe lutou para arcar com o alto custo de ter vários filhos, meu tio me fez aprender medicina com ele e me deixou comer e morar na casa dele, e como a minha saúde era ruim, ele me deu alimentos nutritivos. Ele também cuidou de mim vários anos depois, quando fui hospitalizada. Tudo isso eram a soberania e os arranjos de Deus, e eu deveria aceitá-los de Deus. Além disso, meu tio espalhou o evangelho de Deus dos últimos dias para nós, o que também foi soberania e arranjo de Deus. Eu deveria agradecer a Deus! Quando entendi isso, finalmente me livrei da culpa que sentia em relação ao meu tio.
Por meio dessa experiência, passei a ver claramente a falácia do pensamento moral tradicional de que “uma gentileza recebida deve ser retribuída com gratidão” e como ele prende e prejudica as pessoas. Sem isso, eu teria continuado a retribuir a gentileza indiscriminadamente, sem princípios ou base moral, até teria resistido a Deus sem perceber. Foram as palavras de Deus que me fizeram chegar a essa conclusão. Graças a Deus!
Tendo lido até aqui, você é uma pessoa abençoada. A salvação de Deus dos últimos dias virá até você.