A escolha de uma professora
Quando o sol se punha no oeste, na hora do crepúsculo, a porta de uma casinha de fazenda estava aberta, com um pano branco amarrado na maçaneta, e um único raio de sol se derramava sobre o muro de tijolos vermelhos não pintado do pátio.
Havia um caixão no meio do saguão. Em frente ao caixão, ajoelhavam-se uma menina de sete anos, um menino de nove, e uma mulher de trinta e poucos anos, uma camponesa.
“Mãe, tivemos um infortúnio na família. Por que nenhum parente veio nos ajudar?”. A voz suave da menina quebrou o silêncio dentro da casa.
“Depois que seu pai se for, seremos apenas nós, mãe e filhos, contando uns com os outros. Por causa da doença do seu pai, nossas economias acabaram. Nossos parentes nos desprezam por sermos pobres, eles nos olham com desdém. De agora em diante, vocês dois devem trabalhar duro e não deixar que os olhem com desdém. Espero que tenham um futuro promissor, que sejam alguém na vida, e mudem nosso destino!”. A mãe enxugou as lágrimas, os olhos cheios de determinação, e, olhando para as duas crianças, falava com sinceridade.
A menina de sete anos era An Ran.
Essa cena de infância criou uma marca profunda em seu coração. Desde muito jovem, An Ran sabia que tinha que ser diligente; esforçar-se pela excelência e conquistar a admiração dos outros era seu objetivo de vida. An Ran era muito esforçada na escola; acreditava que somente por meio do estudo diligente poderia ter um futuro promissor. Durante o ensino fundamental, An Ran estava quase sempre entre os três primeiros da classe.
Aos treze anos, An Ran seguia firme no fundamental quando um vizinho compartilhou com sua mãe o evangelho de Deus Todo-Poderoso nos últimos dias. Nesse dia, An Ran acompanhou a mãe para assistir a um vídeo sobre a criação inicial de Deus. Desse dia em diante, An Ran sabia que os humanos foram criados por Deus, e que havia um Soberano em meio aos céus e à terra e a todas as coisas, guiando e cuidando de toda a humanidade. An Ran se sentia aquecida por dentro — Deus era tão bom!
Aos quinze anos, sem dinheiro para a escola, An Ran foi forçada a largar os estudos e trabalhar. Embora soubesse que era bom crer em Deus, ela achava que ainda era jovem e tinha todo um futuro à sua frente. Ela não queria viver uma vida comum, sem realizações. Quem a respeitaria, desse jeito? Então, ela decidiu trabalhar duro e ganhar dinheiro, arranjar um emprego decente e respeitável. Desde que conseguisse se estabelecer, ela poderia viver gloriosamente diante dos outros e não mais ser menosprezada. A mente de An Ran estava cheia de pensamentos sobre como se destacar rapidamente. Portanto, ela só podia participar ocasionalmente de reuniões em seu tempo livre.
Certa noite, quando An Ran tinha dezessete anos, o calor persistente no ar ainda não havia se dissipado. Clique. Tum! A série de sons de portas abrindo e fechando era vigorosa e eficiente, seguida por passos apressados. Sua prima havia voltado.
“Qual é o problema? Alguma coisa urgente?”, An Ran perguntou.
“Tenho boas notícias para você. Nossa escola está recrutando professores com urgência. Eu a apresentei ao diretor. Se você conseguir ser contratada, esse trabalho é conceituado e paga bem”. Ao ouvir a notícia, An Ran ficou empolgada no mesmo instante. Desde a infância, ela esperava se destacar e se estabelecer algum dia. Agora, havia uma oportunidade muito boa para ela se tornar professora, o que era considerado uma profissão respeitável. Ela sabia que as pessoas que podiam trabalhar em escolas eram formadas em faculdades, tinham pelo menos um diploma de graduação. Sem a ajuda do primo, como An Ran poderia ter a chance de trabalhar em uma escola? Mais tarde, ela poderia fazer o exame para obter uma qualificação e se tornar uma professora formal. Assim, ela poderia obter fama e ganho, não é mesmo? Quando esse dia chegasse, ninguém a menosprezaria novamente. Pensando nisso, An Ran concordou sem hesitar.
Ao sair da casa do primo, An Ran começou a se inquietar; no futuro, trabalhar em uma escola particular significava ter apenas uma folga a cada duas semanas, e ela definitivamente não poderia participar de reuniões. A obra de Deus logo terminaria. Se o emprego afetasse sua participação nas reuniões, isso seria prejudicial para sua vida. Mas essa era a chance com a qual ela sempre sonhara para se destacar. An Ran não queria perdê-la. Depois de pensar muito, An Ran escolheu o emprego. Ela se consolou dizendo que, contanto que lesse mais as palavras de Deus e participasse de reuniões durante as férias, tudo ficaria bem. Não deveria causar um impacto grande demais.
Quando as férias de verão estavam para acabar, An Ran conseguiu o emprego e se tornou professora do ensino fundamental, como havia desejado. An Ran finalmente encontrou uma oportunidade para realizar seus sonhos e estava muito animada, dedicava-se 110% ao emprego.
No início do outono, a escola recebeu um novo grupo de alunos, e o campus ficou repleto de risos e conversas animadas. An Ran franziu as sobrancelhas, seguindo rápido para o prédio de instrução com uma pilha de apostilas nos braços, pensando consigo: “A competição entre as turmas nessa escola é bastante acirrada. As pontuações nas provas de cada professor se tornam o foco de discussão entre líderes e diretores. Não tenho experiência de ensino. Quando entrei na escola, as turmas que eu lecionava tinham as piores notas da série. Se eu quiser igualar o nível deles com o das outras turmas, terei que investir ainda mais tempo e esforço”. An Ran tomou uma decisão: “Preciso melhorar sua pontuação e me tornar uma professora excelente, ser elogiada pelos pais dos alunos”. Ao pensar nisso, An Ran não pôde deixar de respirar fundo. Aquilo era uma pressão imensa!
Depois disso, An Ran era como um reloginho, não ousava relaxar nem por um momento. Fazer horas extras e ficar acordada até tarde se tornou rotina, corrigindo trabalhos e dando reforço, à noite, para alunos com dificuldade, para melhorar as notas deles. Vários meses depois, as turmas que An Ran lecionava passaram do último para o primeiro e o segundo lugares. Isso foi seguido de elogios dos pais e da alta consideração dos líderes, o que satisfez muito a vaidade de An Ran. Ela estava eufórica, andando de cabeça erguida, e se sentia orgulhosa quando encontrava pessoas de seu vilarejo. Ela acreditava que toda dificuldade valia a pena, por mais difícil e exaustivo que fosse.
Entretanto, por trás de seu exterior polido, só ela sabia a amargura e o sofrimento sem fim que suportava.
“Eu já disse tantas vezes: por que não arranja um emprego mais tranquilo? Olhe para si mesma, você perdeu mais de cinco quilos em apenas um ano e meio, está sempre tomando remédios e injeções, e está trabalhando até a exaustão. Está tentando se matar? Como pode crer em Deus se não consegue nem mesmo participar das reuniões? Tem como entender a verdade e ser salva assim?”. A mãe de An Ran sentou-se junto à cama, com os olhos cheios de pena, e a repreendeu.
“Mãe, eu sei que esse emprego é puxado, não dá tempo para reuniões, mas…”. Antes que pudesse terminar, An Ran sentiu a garganta doer.
Sua mãe se virou e lhe deu um copo d’água. Depois que a mãe saiu, An Ran relembrou o ano anterior. A competição declarada e as lutas ocultas entre os colegas, as frequentes noites em claro e a pressão do trabalho levaram An Ran a sofrer de insônia, muitas vezes atormentada por pesadelos, mesmo quando conseguia dormir. Seu sistema imunológico ficou particularmente fraco, e ela tomava remédios quase todos os dias. A pesada carga de trabalho diária deixava An Ran sem tempo nem energia para vir diante de Deus. Ela se sentia como uma máquina que nunca parava de funcionar, sem fazer quase nada além de trabalhar. Às vezes, ela pensava: “Devo mudar de emprego? Continuar assim está realmente afetando minha entrada na vida. Mas se eu pedir demissão, meu sonho de toda uma vida de me destacar não será completamente destruído? Será que encontrarei uma oportunidade boa dessas de novo?”. Os olhares de admiração de parentes e amigos, e os elogios dos pais dos alunos e dos líderes da escola — tudo isso era o que An Ran desejava. “Como diz o ditado”, pensou ela, “‘as pessoas devem ter a coragem de lutar por sua dignidade’. As pessoas vivem para provar seu valor e ganhar respeito, não é mesmo? Qual é o sentido de viver se você vai ser medíocre a vida toda?”. An Ran se levantou, voltou à sua mesa e pegou a caneta para continuar a trabalhar em seus planos de aula. Ela havia se decidido: não dava para renunciar a esse emprego. Desde que aproveitasse bem as férias para comer e beber a palavra de Deus e participar de mais reuniões, seria a mesma coisa.
Durante o Festival da Primavera de 2011, enquanto limpava a casa com a mãe, An Ran descobriu, de repente, que não conseguia levantar o braço direito e não ousava abaixar a cabeça. Quando tentou abaixar a cabeça, ouviu um esmigalhar. An Ran ficou assustada e sem saber o que fazer.
“Você está com o ombro congelado e espondilose cervical. São doenças ocupacionais. Se não iniciar logo o tratamento, elas podem não ter cura. Seu corpo está em condições bem ruins; você tem que começar o tratamento agora”, o médico aconselhou solenemente a An Ran no consultório.
Após ouvir o que disse o médico, An Ran ficou com muito medo: “Tenho só dezenove anos. Minha vida está apenas começando, e ainda há muitos sonhos que preciso realizar. Se o meu ombro congelado e a espondilose cervical piorarem, como vou enfrentar os dias que virão? Ainda poderei ir às aulas e trabalhar normalmente?”. Só de pensar que seu sonho de sucesso poderia ser destruído, An Ran se sentiu relutante e não pôde deixar de reclamar: “Por que a minha vida é tão difícil? Por que não consigo realizar meus desejos? Será que estou destinada a ser menosprezada a vida toda?”. Ela não conseguia parar de chorar.
O céu estava cinza, como se estivesse prestes a nevar. O vento frio assobiava, fazendo as pessoas tremerem como se tivessem caído em um porão gelado.
An Ran se encolheu na cama, o rosto cheio de frustração. Ela sentia como se não tivesse futuro, e lhe faltava entusiasmo em tudo que fazia. Em sua dor, ela só conseguiu se apresentar diante de Deus em oração: “Oh, Deus, de repente tive uma doença muito grave e estou com medo. Não sei como continuar daqui para a frente. Neste ano que passou, tenho trabalhado o tempo todo e não tenho participado muito das reuniões. Sei que isso não está de acordo com a Tua intenção, mas não aceito largar meu emprego. Acho minha vida amarga e não sei por que tudo isso aconteceu comigo. Que Tu me esclareças e me permitas sair dessa dor”.
Eram as férias de inverno, e An Ran passava seu tempo participando de reuniões ou lendo as pelavras de Deus em casa. Ela gostava principalmente de assistir a filmes e vídeos evangelísticos. Quando viu que, durante a Era da Graça, muitos missionários vieram de longe para a China, renunciando a família e casamento, e suportando todo tipo de perseguição, e, ainda assim, espalhando incansáveis o evangelho e se despendendo de bom grado pelo Senhor, sem se arrepender de sua escolha, An Ran se sentiu profundamente inspirada. Ela pensou consigo mesma: “Eles acreditavam no Senhor Jesus com tanto fervor, e hoje aceitei a obra de terceiro estágio de Deus, acolhendo o retorno do Senhor Jesus. Ouvi mais das palavras de Deus e entendi mais das verdades e dos mistérios do que eles. Desfrutei de muita rega e provisão das palavras de Deus, portanto devo espalhar ainda mais o evangelho e dar testemunho de Deus”. An Ran se lembrou de muitos irmãos ao seu redor que tinham largado casamento e emprego, que desempenhavam ativamente seus deveres na igreja e retribuíam o amor de Deus. Ela já acreditava em Deus havia vários anos, desfrutando da graça de Deus, mas, em vez de desempenhar seus deveres, não conseguia nem mesmo participar das reuniões regularmente. Ela se perguntou se era mesmo uma crente em Deus. Pensando nas irmãs com quem costumava se reunir, que agora estavam desempenhando seus deveres na igreja, enquanto ela buscava riqueza, fama e ganho, An Ran se perguntou: “Por que não consigo parar de buscar riqueza, fama e ganho?”.
Um dia, An Ran leu uma passagem das palavras de Deus: “A sina do homem é controlada pelas mãos de Deus. Você é incapaz de controlar a si mesmo: apesar de estar sempre correndo e se ocupando em interesse próprio, o homem continua sendo incapaz de controlar a si mesmo. Se pudesse conhecer suas próprias expectativas, se pudesse controlar sua própria sina, você continuaria sendo um ser criado? Em suma, independentemente de como Deus opera, toda a obra Dele é para o bem do homem. Tome, por exemplo, os céus e a terra e todas as coisas que Deus criou para servir ao homem: a lua, o sol e as estrelas que Ele criou para o homem, os animais e as plantas, a primavera, o verão, o outono e o inverno e assim por diante — tudo é feito em prol da existência humana. Portanto, independentemente de como Deus castiga e julga o homem, tudo é para o bem da salvação do homem. Apesar de Ele privar o homem das esperanças carnais, é para o bem da purificação do homem, e a purificação do homem é para que ele sobreviva. A destinação do homem está nas mãos do Criador; como, então, o homem poderia controlar a si mesmo?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Restaurar a vida normal do homem e levá-lo a uma destinação maravilhosa”). An Ran entendeu que a sina do homem está nas mãos de Deus, e não sujeita a seus desejos. Ela percebeu que era apenas um ser criado insignificante e que não podia controlar as experiências pelas quais passaria na vida. No entanto, ela sempre queria fazer as coisas do seu jeito e não se submetia à soberania e aos arranjos de Deus. Ela achava sua vida difícil porque ficou doente e não pôde continuar seu trabalho ou se destacar. Isso não era reclamar de Deus? Refletindo sobre o ano que passou, An Ran percebeu que, devido ao seu foco no trabalho, seu relacionamento com Deus havia se distanciado. Não fosse a doença, ela teria permanecido concentrada unicamente no trabalho e em ganhar dinheiro, sem tempo nem energia para vir diante de Deus. Agora, apesar de seu sofrimento físico, ela podia se acalmar e passar o tempo lendo a palavra de Deus, o que era uma coisa boa. An Ran se dispôs a se submeter e a buscar a intenção de Deus.
Quando o sol de inverno surgiu, seu calor estava bem convidativo. A luz do sol enchia todos os cantos do pátio, banhando seu corpo no calor.
Sentada no pátio, An Ran se recostou na cadeira e leu em silêncio as palavras de Deus: “Agora é a hora em que Meu Espírito realiza grande obra, e a hora em que começo Minha obra entre as nações gentias. Mais ainda, é a hora em que classifico todos os seres criados, colocando cada um em sua respectiva categoria, para que Minha obra possa avançar mais rápida e eficientemente. E assim, o que peço de vocês ainda é que ofereçam toda a plenitude do seu ser para toda a Minha obra e, além disso, que você discirna claramente e certifique-se de toda a obra que realizei em você e coloque toda a sua força em Minha obra, para que ela possa se tornar mais eficaz. É isso que você precisa entender. Desistam de lutar entre si, de procurar um caminho de volta ou de buscar confortos carnais, o que atrasaria a Minha obra e atrasaria seu maravilhoso futuro. Longe de o proteger, agir assim traria destruição sobre você. Isso não seria tolice sua? Aquilo que você desfruta avidamente hoje é a mesma coisa que está arruinando seu futuro, enquanto a dor que você sofre hoje é a mesma coisa que está protegendo você. Você deve estar claramente ciente dessas coisas, de modo a evitar ser vítima de tentações das quais você terá dificuldade para se livrar e evitar, e, por erro, cair no denso nevoeiro e ser incapaz de encontrar o sol. Quando a névoa densa desaparecer, você se encontrará em meio ao julgamento do grande dia” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “A obra de difundir o evangelho é também a obra de salvar o homem”). Ponderando as palavras de Deus, aos poucos An Ran passou a entender que, desde a infância, ela sempre buscou a excelência, querendo mudar seu destino com as próprias mãos. Sempre achou que tinha que ser alguém na vida e conquistar a admiração das pessoas; caso contrário, a vida não teria sentido. Qual era o sentido de viver se a pessoa continuasse numa classe baixa? Em sua busca por excelência e glória, An Ran trabalhou duro para ganhar dinheiro, e, depois de aceitar a obra de Deus dos últimos dias, embora soubesse que esse estágio da obra tinha como objetivo limpar e transformar as pessoas, que era o estágio final da obra de Deus, e que esse estágio da obra só acontecia uma vez na vida, e que, se o perdesse, ela perderia a chance de ser salva, ainda assim ela se afastou de Deus para buscar riqueza, fama e ganho, e considerou a realização de seus ideais e desejos e a busca por excelência como o valor da vida. Para isso, ela trabalhou sem parar, lutou amargamente no redemoinho de fama, ganho e riqueza, o que a acabou levando ao sofrimento físico total e à dor profunda. Mais importante ainda, ela se distanciou de Deus e O traiu a fim de se destacar e por causa dessas supostas perspectivas, atrasando as chances de se reunir com os outros e obter a verdade. Não era exatamente isso que as palavras de Deus diziam: “Aquilo que você desfruta avidamente hoje é a mesma coisa que está arruinando seu futuro”? A busca por riqueza, fama e ganho não leva a boas perspectivas; na verdade, prejudica e arruína você! An Ran percebeu que, embora a doença lhe tivesse causado sofrimento, também bloqueou sua busca por fama e ganho. Exteriormente, essa doença parecia destruir os sonhos dela, mas, invisivelmente, ela a protegia. Por meio da doença, An Ran pôde vir diante de Deus, refletir sobre sua senda e realmente contemplar sua vida — o que era mais importante, buscar a verdade e vida, ou fama e ganho? Nesse momento, An Ran percebeu algo, pensando nas palavras da Bíblia: “Examinei todas as obras que se fazem debaixo do sol e cheguei à conclusão de que tudo é inútil, é como uma corrida sem fim atrás do vento!” (Eclesiastes 1:14). “Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca da sua vida?” (Mateus 16:26). Riqueza, fama e ganho podem trazer prazer temporário e dar a alguém proeminência e a estima dos outros, mas se isso significar perder a oportunidade de ganhar a verdade e a salvação, é como sacrificar a própria vida. Que significado há nisso?
An Ran continuou a ler outra passagem das palavras de Deus: “O Todo-Poderoso tem misericórdia dessas pessoas que sofreram profundamente; ao mesmo tempo, se sente avesso a essas pessoas que carecem de consciência, pois teve de esperar muito por uma resposta da humanidade. Ele deseja buscar, buscar seu coração e seu espírito, trazer-lhe água e comida, acordar você, para que você não tenha mais sede e fome. Quando você estiver enfadado e quando começar a sentir um pouco da triste desolação deste mundo, não fique perdido, não chore. Deus Todo-Poderoso, o Vigia, abraçará a sua chegada a qualquer tempo. Ele está vigiando do seu lado, esperando você voltar. Está esperando pelo dia em que você recuperará a memória de repente: quando você perceber que veio de Deus, que, em algum momento desconhecido, você perdeu a direção, em algum momento desconhecido perdeu a consciência na estrada e, em algum momento desconhecido, conseguiu um ‘pai’; quando perceber, além disso, que o Todo-Poderoso sempre esteve vigiando, esperando por muito, muito tempo, ali, pelo seu retorno. Ele esteve observando com um anseio desesperado, esperando uma resposta sem obtê-la. Sua vigília e espera estão acima de qualquer preço e são em prol do coração humano e do espírito humano. Talvez essa vigília e espera sejam indefinidas e talvez estejam no fim. Mas você deveria saber exatamente onde o seu coração e o seu espírito estão agora” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “O suspirar do Todo-Poderoso”). Ao ver as palavras de Deus repetidamente chamando a humanidade, o coração de An Ran ficou profundamente comovido, e as lágrimas embaçaram sua visão. Ela suspirou em seu íntimo: “Então Deus sempre esteve esperando meu retorno; nunca desistiu de me salvar”. An Ran percebeu que tinha ouvido a voz de Deus havia muito tempo e tinha lido muitas de Suas palavras. Ela sabia que Deus, nos últimos dias, havia se tornado carne para salvar pessoalmente a humanidade — essa era uma oportunidade extremamente rara. No entanto, ela tinha sido intransigente e entorpecida demais no coração, concentrando seus pensamentos, energia e tempo em trabalhar por dinheiro, buscando a estima dos outros e se esforçando para se elevar. Se continuasse nessa senda, ela apenas se esgotaria e se tornaria uma vítima sacrificial da fama e do ganho, incapaz de garantir boas perspectivas, e, por fim, se arruinaria. Nesse momento, An Ran se sentiu profundamente comovida, com os olhos cheios de lágrimas. Ela reconheceu que tudo o que Deus havia lhe dado era amor e salvação, enquanto ela havia correspondido com rejeição, evasão e resistência. Ela se sentiu em dívida com Deus. Em silêncio, ela resolveu comer e beber com sinceridade as palavras de Deus e participar das reuniões, e nunca mais se afundar em desânimo e degradação.
Ela, então, ouviu a leitura das palavras de Deus: “Você é um ser criado — você deveria, é claro, adorar a Deus e buscar uma vida com significado. Se você não adorar a Deus, mas viver dentro de sua carne imunda, então você não é só um animal com vestes humanas? Já que você é um ser humano, você deveria se despender por Deus e aguentar todo sofrimento! Você deveria aceitar o pequeno sofrimento a que é submetido hoje com alegria e certeza e viver uma vida significativa, como Jó e Pedro. Neste mundo, o homem veste a roupa do diabo, come a comida do diabo e trabalha e serve debaixo do polegar do diabo, ficando completamente pisoteado em sua imundice. Se você não compreender o significado da vida ou obtiver o verdadeiro caminho, então que significado há em viver assim? Vocês são pessoas que buscam o caminho correto, aquelas que buscam melhoria. Vocês são as pessoas que se levantam na nação do grande dragão vermelho, aqueles a quem Deus chama de justos. Não é essa a vida mais significativa?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Prática (2)”). Ao ouvir as palavras de Deus, An Ran encontrou o objetivo correto na vida, sentindo-se especialmente aliviada e tranquila. Ela refletiu sobre todos os anos em que viveu em busca de fama e ganho, fazendo-se sofrer terrivelmente por causa do desejo de se destacar, sobrecarregada com estresse, dor e amargura, e acabaria enfrentando a destruição ao lado de Satanás. Tudo isso se deveu a viver de acordo com uma visão errada da vida. Agora An Ran entendia que riqueza, status, fama e ganho são coisas vazias. Como um ser criado, viver para dedicar a vida a Deus, buscar a verdade e conhecer Deus é a existência mais significativa. Se pudesse buscar sinceramente a verdade durante a obra de Deus, livrando-se de seu caráter corrupto, ela poderia, por fim, se tornar uma pessoa aprovada por Deus. Mesmo que não recebesse reconhecimento das pessoas em sua vida, ser aprovada por Deus seria a maior honra. Pensando em tantos irmãos, alguns formados em universidades, outros administrando empresas familiares, que conseguiam abandonar sua fama e ganho para desempenhar seus deveres, o que ela, uma humilde professora, não podia largar? An Ran fechou seu livro das palavras de Deus, ajoelhou-se e orou: “Deus, tenho sido rebelde, vivendo em busca de riqueza, fama e ganho, sem querer vir diante de Ti. Hoje eu desperto e percebo que sacrificar minha vida por fama, ganho e riqueza não vale a pena. Deus, obrigada por nunca desistires de me salvar, sempre aguardando meu retorno. Estou disposta, de agora em diante, a me concentrar em comer e beber Tuas palavras, participar de mais reuniões e desempenhar meus deveres. Não estou mais disposta a ser enganada e prejudicada por Satanás”. Depois de orar, An Ran teve uma sensação de firmeza no coração. Nos dias seguintes, ela comeu e bebeu diligentemente as palavras de Deus todos os dias e participou de mais reuniões.
Pouco depois do Festival da Primavera, um colega de classe com quem ela não mantinha contato ligou para ela de repente, oferecendo-lhe um cargo para trabalhar no programa extracurricular da cidade, em que ela ensinaria os alunos somente durante momentos das refeições. Embora esse trabalho pagasse menos e não trouxesse reconhecimento nem admiração, An Ran ficou muito feliz por ter mais tempo para comer e beber as palavras de Deus e desempenhar seus deveres.
Em outra manhã de domingo, quando An Ran caminhava para casa, enquanto os outros andavam rápido aqui e acolá na estrada, ela diminuiu o passo, a cabeça girando — no dia anterior, o primo tinha ligado pedindo que ela voltasse a trabalhar na escola; seus parentes também pediram o mesmo. An Ran ponderou: a doença havia melhorado, e ela ainda era jovem — por que não tentar de novo? Se ela voltasse à escola, receberia de novo a estima e a admiração das pessoas.
Sentindo passar uma brisa, An Ran se lembrou dos dias amargos na escola. Agora, ela finalmente havia conseguido sair, e era capaz de participar normalmente de reuniões, comer e beber as palavras de Deus e desempenhar seu dever. Se ela voltasse a trabalhar na escola, isso não a faria passar por dificuldades desnecessárias?
Pensando nisso, An Ran pegou o celular e mandou uma mensagem para seu primo, recusando educadamente.
Bip! Com uma buzinada, um carro parou na frente de An Ran. Ela pegou sua mala e entrou na senda do desempenho de seus deveres.
Sentada à janela do carro, An Ran relembrou sua jornada, de alguém profundamente envolvido com dinheiro, fama e ganho para um membro que desempenha deveres na casa de Deus. De fato, cada passo foi guiado por Deus e preenchido com muito do amor e da salvação de Deus. Se não fosse pelas palavras de Deus, que proporcionaram esclarecimento e liderança, ela ainda estaria presa no redemoinho da busca por fama, ganho e status. Em silêncio, ela agradeceu a Deus no coração, disposta apenas a valorizar o precioso tempo que tinha agora, a buscar sinceramente a verdade e a cumprir seus deveres para confortar o coração de Deus.
Tendo lido até aqui, você é uma pessoa abençoada. A salvação de Deus dos últimos dias virá até você.