60. Um bom amigo faz vista grossa?
A irmã Bárbara e eu nos conhecíamos havia dois anos, e tínhamos desenvolvido uma conexão muito forte, e sempre que conversávamos, era como se pudéssemos conversar para sempre. Conversávamos muito sobre as nossas experiências e o que tínhamos ganhado com elas. Sempre que algo acontecia com ela, ela me procurava, e sempre que eu tinha um problema, eu queria comungar com ela. Ela sempre comungava comigo com paciência, e eu prezava a relação próxima que tínhamos. Eu achava ótimo ter uma irmã do meu lado que podia me ajudar e apoiar.
No ano passado, ouvi Bárbara conversando com algumas irmãs sobre os ótimos resultados que ela estava obtendo em seu trabalho evangelístico, sobre como os muitos aos quais ela pregava estavam cheios de noções religiosas, e como, por meio de oração e confiança em Deus, de comunhão paciente com eles e da leitura da palavra de Deus, eles rapidamente vieram a aceitar a obra de Deus dos últimos dias. Vi que as irmãs olhavam para ela com admiração, faziam todos os tipos de perguntas e buscavam boas sendas de prática. Fiquei um pouco preocupada e pensei: “É bom que o trabalho evangelístico dela esteja indo tão bem, mas ela só falou sobre os bons resultados, não sobre a senda específica que ela seguia, nem testificou como Deus a guiou nesse tempo. Ela não está se exibindo, falando desse jeito?”. Alguns dias depois, a irmã Faye me disse: “Bárbara é tão talentosa e já alcançou resultados tão bons em seu trabalho evangelístico. Ela disse que uma líder até pediu que ela comungasse suas experiências numa reunião”. Meu coração parou quando ouvi isso: “Por que Bárbara está dizendo essas coisas? Agora, Faye a admira tanto, mas isso não é benéfico para ela”. Percebi que Bárbara sempre exibia os bons resultados que tinha obtido no cumprimento de seu dever e me senti um pouco incomodada. Deus comungou que exibir-se e exaltar-se é a revelação de um caráter satânico, portanto seria perigoso continuar assim. Eu não podia permitir que isso continuasse. Devia encontrar uma chance de apontar isso para Bárbara. Mas sempre que pensava em apontar esse problema para ela, eu hesitava. Eu me lembrei de algumas experiências de uns anos atrás. Janie, minha parceira, costumava repetir doutrinas, repreender os outros a partir de uma posição altiva, mas nunca analisava a si mesma. Eu apontei esse problema para ela, e ela não só não quis aceitar, ela até contra-atacou, citando meus fracassos e transgressões do passado. Depois, ela mal olhava para mim. Isso tornou tudo muito difícil e doloroso para mim. Em outra ocasião, a irmã Roxanna se desviou do tema em sua comunhão, numa reunião, e eu apontei isso para ela. Mais tarde, ela se abriu comigo e disse que tinha se sentido muito constrangida e resistente quando apontei o problema dela, e que ela achava que eu estava tentando dificultar as coisas para ela, e, em reuniões posteriores, ela nem quis mais comungar. Embora, mais tarde, ela tenha buscado, refletido e reconhecido seus problemas, ouvi-la dizer isso foi muito difícil para mim. Depois disso, eu passei a ser cautelosa ao apontar os problemas dos outros. Pensei em como minha relação com Bárbara sempre tinha sido ótima, e me perguntei se, se eu apontasse o problema para ela, ela se sentiria colocada numa posição desconfortável. O que eu faria se ela não ouvisse e desenvolvesse um preconceito contra mim, se ela achasse que eu estava expondo as falhas dela e tentando dificultar as coisas para ela, e então fingisse que eu não existia? Nossos caminhos se cruzavam muitas vezes todos os dias, assim as coisas ficariam muito incômodas. Além disso, nem sempre ela tinha se exibido assim. Talvez, ao ler a palavra de Deus, ela seria capaz de refletir e chegar a essa percepção sozinha. Era melhor eu esquecer e ficar calada.
Um dia, Bárbara me contou que alguns irmãos tinham lhe dado algumas sugestões. Disseram que ela tendia a se exibir e a fazer com que os outros a admirassem na comunhão dela. Isso a tinha deixado bastante incomodada. Eu me contorci por dentro quando ela disse isso. A verdade era que eu também tinha visto como ela se exibia recentemente, mas, com medo de prejudicar nosso relacionamento, eu tinha feito vista grossa sem dizer nada a ela. Essa não era a oportunidade perfeita? Não deveria eu também falar sobre os problemas que tinha visto? Mas então pensei em como as coisas já estavam difíceis para ela. Perguntei-me se ela suportaria ou se ficaria negativa se eu também dissesse algo. Eu percebi também que devia apontar para ela os problemas que tinha visto, mas temia que ela pensaria que eu era dura demais, e que ela se distanciaria de mim, por isso refleti com cuidado sobre que tom eu deveria usar e como deveria me expressar para ser mais delicada e não envergonhá-la. Então citei exemplos de como eu tinha me exaltado e exibido no passado, e como eu tinha refletido e vindo a entender isso, e só no fim, mencionei de passagem o problema dela. Eu temia envergonhá-la, por isso lhe dei algumas palavras de consolo: “Todos têm caracteres corruptos, e é perfeitamente normal manifestar isso. Acontece também comigo. Eu sempre fui muito arrogante e presunçosa, e eu me exibo com frequência. Não permita que isso constranja você; você precisa ter a atitude correta em relação a si mesma”. Ela não respondeu nada a isso. Mas então aconteceu algo que me deixou inquieta de novo.
Numa reunião, Bárbara comungou o seu entendimento da palavra de Deus e falou sobre uma experiência recente que ela tivera ao espalhar o evangelho. Ela falou como tinha pregado a um pastor que tinha acreditado no Senhor por décadas. O homem estava cheio de noções religiosas e tinha ouvido muitos boatos. Ele não quis aceitar o evangelho nem mesmo após ouvir repetidas pregações. Mas então ela foi comungar e debater com ele, e, citando passagens relevantes da palavra de Deus, conseguiu refutar as noções dele uma por uma, e, no fim, ele abriu mão das noções dele e aceitou a obra de Deus dos últimos dias. Quando ela parou de falar, a atenção de todos estava concentrada na experiência evangelística dela, e não na palavra de Deus. Na hora, eu me dei conta: ela não estava fugindo do tema? Embora estivesse comungando sua experiência evangelística, quando ela terminou, todos começaram a admirá-la e a olhar para ela. Isso não era ela se exibindo? Eu quis apontar isso para ela e fazê-la parar de falar sobre esse tema, mas não consegui abrir a boca: se eu a interromper na frente de tantas pessoas, ela não ficará envergonhada? É verdade que Bárbara tem obtido alguns resultados em seu trabalho evangelístico, então, se eu lhe disser isso, todos pensarão que estou com inveja e que estou dificultando as coisas para ela? Talvez suas intenções sejam boas, e ela não esteja tentando se exibir. Assim, não me manifestei, mas não consegui me acalmar para ponderar a palavra de Deus, e minha comunhão careceu de esclarecimento, e eu só disse algumas palavras sem inspiração, assim, a reunião foi encerrada.
Passei aquela noite me revirando na cama, incapaz de dormir. Não conseguia parar de pensar nas coisas que Bárbara tinha dito para se exibir na reunião e na expressão de admiração no rosto de todos. O que ela tinha comungado não tinha lhes oferecido um entendimento melhor da palavra de Deus; em vez disso, ela tinha atraído a atenção de todos para o trabalho evangelístico dela, e, assim, a reunião não tinha trazido nenhum proveito. Por medo de envergonhá-la, eu tinha ficado calada e falhado em proteger a vida de igreja. Eu não era uma bajuladora sem nenhum senso de justiça? Lembrei-me de uma passagem da palavra de Deus: “Você deve examinar a si mesmo cuidadosamente para ver se é uma pessoa correta. Seus objetivos e intenções são formulados pensando em Mim? Todas as suas palavras e ações são ditas e feitas na Minha presença? Eu examino todos os seus pensamentos e ideias. Você não se sente culpado? […] Você acha que da próxima vez você será capaz de compensar o comer e beber que Satanás levou embora dessa vez? Então, você agora vê claramente; isso é algo que você pode compensar? Você pode compensar o tempo perdido? Vocês devem examinar-se diligentemente para ver por que nenhum comer e beber foi feito nas últimas poucas reuniões, e quem causou esse problema. Vocês devem se comunicar um por um até que fique claro. Se tal pessoa não for fortemente refreada, então seus irmãos e irmãs não entenderão, e então simplesmente acontecerá de novo. Seus olhos espirituais estão fechados; muitos de vocês estão cegos! Além disso, aqueles que veem são descuidados sobre isso. Eles não se levantam nem falam e também são cegos. Aqueles que veem, mas não falam, são mudos. Existem muitos aqui com deficiências” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Declarações de Cristo no princípio, Capítulo 13”). A palavra de Deus me angustiou profundamente. Pensei em como Bárbara tinha fugido do tema na comunhão dela, desperdiçado o tempo de todos e impactado a produtividade da reunião, e eu assisti a tudo em silêncio. Fiquei pensando: “Eu sabia claramente que Bárbara estava fugindo do tema; por que, então, eu não protegi a vida de igreja? Por que decidi permanecer calada e ser uma bajuladora?”. Em primeiro lugar, eu não tinha certeza se Bárbara realmente estava se exaltando e exibindo. Era verdade que ela tinha alguma experiência em espalhar o evangelho, e comungar essas experiências podia ser benéfico para os outros, então essa comunhão dela podia ser considerada exibir-se? Em segundo lugar, eu temia que eu não estivesse vendo as coisas claramente, que, se dissesse algo, eu a constrangeria, e que os outros pensariam que eu estava dizendo aquilo por inveja.
Na reunião, no dia seguinte, eu mencionei minhas preocupações e busquei a ajuda de algumas irmãs. Lemos uma passagem da palavra de Deus juntas: “Exaltar-se, testificar de si mesma, exibir-se, tentar fazer com que as pessoas a estimem — a humanidade corrupta é capaz dessas coisas. É assim que as pessoas reagem instintivamente quando são governadas por sua natureza satânica, e é algo comum a toda a humanidade corrupta. Como as pessoas costumam se exaltar e testificar de si mesmas? Como alcançam esse objetivo? Elas testificam quanto trabalho fizeram, quanto sofreram, quanto se despenderam, e que preço pagaram. Elas usam essas coisas como capital com o qual se exaltam, o que lhes garante um lugar mais elevado, mais firme e mais seguro na mente das pessoas, para que mais pessoas as estimem, admirem, respeitem e até mesmo as venerem, idolatrem e sigam. Para alcançar esse objetivo, as pessoas fazem muitas coisas que testificam de Deus na superfície, mas que, em essência, exaltam e testificam delas mesmas. Agir dessa forma é sensato? Elas estão além do alcance da racionalidade. Essas pessoas não têm vergonha: elas testificam descaradamente daquilo que fizeram por Deus e quanto sofreram por Ele. Até exibem seus dons, talentos, experiência, habilidades especiais, suas técnicas inteligentes para se comportar, os meios que usam para brincar com as pessoas, e assim por diante. Seu método de se exaltar e testificar de si mesmas é exibir-se e depreciar os outros. Elas também dissimulam e se camuflam, escondendo das pessoas as suas fraquezas, defeitos e deficiências para que estas só vejam sua excelência. Nem ousam contar a outras pessoas quando se sentem negativas; carecem da coragem de se abrir e comungar com elas, e quando cometem algum erro, fazem de tudo para escondê-lo e encobri-lo. Jamais mencionam os danos que causaram ao trabalho da igreja durante o cumprimento de seu dever. Quando, porém, fazem alguma contribuição insignificante ou alcançam algum sucesso menor, elas são rápidas em exibi-lo. Não conseguem esperar para contar ao mundo inteiro como são capazes, como é alto o seu calibre, quão excepcionais são e quão melhores são do que as pessoas normais. Isso não é uma maneira de se exaltar e testificar de si mesmo?” (A Palavra, vol. 4: Expondo os anticristos, “Item Quatro: Eles se exaltam e dão testemunho de si mesmos”). Por meio da revelação da palavra de Deus, eu entendi que um sinal de um anticristo se exaltar é ele se gabar de seus dons, pontos fortes, contribuições e conquistas na frente dos outros para que as pessoas o vejam como talentoso e capaz e para ganhar seu respeito e admiração. Espalhar o evangelho e testificar de Deus são essencialmente coisas positivas. Com os pontos fortes dela como obreira evangelística, se Bárbara tivesse comungado sobre as dificuldades que tinha encontrado, como ela tinha confiado em Deus e experimentado a obra Dele, o que ela tinha ganhado e aprendido com isso, e tivesse analisado as boas sendas de prática, aquela comunhão teria sido edificante. Mas Bárbara só falou sobre o número de pessoas que tinha convertido, quanto tinha sofrido, que preço ela tinha pagado, mas ninguém que ouviu suas experiências ganhou um entendimento melhor de Deus nem clareza sobre como praticar ou abordar problemas diferentes. Em vez disso, todos só aprenderam mais sobre ela e ficaram sabendo que ela tinha dons e calibre para compartilhar o evangelho, e que ela era mais ardente do que os outros. Todos a elogiaram e invejaram e se sentiram inadequados. Vi que os resultados de se exibir e exaltar e de testificar de Deus não eram iguais. Por meio da comunhão, confirmei minhas opiniões anteriores e determinei que o que Bárbara dizia não testificava de Deus e era dito para ela se elevar e para se exibir. Ela estava revelando o caráter de um anticristo, o que provocaria o nojo e o ódio de Deus. As irmãs também me lembraram de que Bárbara podia não estar ciente do caráter corrupto que estava revelando, e que, tendo visto isso, deveríamos apontar isso para ela com amor. Não podíamos ser bajuladores só para proteger nossos relacionamentos. As palavras das irmãs me deixaram envergonhada, e eu decidi comungar com Bárbara o quanto antes.
Depois da reunião, eu não consegui me acalmar. Eu já tinha visto os problemas de Bárbara, mas não tinha ousado apontá-los para ela, e, quando disse algo, só toquei no problema, sem alcançar nada, o que significou que Bárbara nunca refletiu nem se tornou ciente do problema dela. Eu me senti muito incomodada e culpada e tive que me perguntar: “Normalmente, sou tão alegre e cheia de vida na presença de Bárbara e lhe conto tudo; por que, então, está sendo tão difícil apontar os problemas dela? Por que não consigo abrir a boca?”. Em minha busca e reflexão, li a palavra de Deus. “Vocês todos são bem-educados. Todos atentam em ser refinados e contidos em seu discurso, bem como na maneira como falam: são cuidadosos e aprenderam a não causar danos à dignidade e ao orgulho dos outros. Em suas palavras e ações, vocês deixam espaço de manobra para as pessoas. Fazem tudo que podem para deixar as pessoas à vontade. Não expõem as cicatrizes nem as deficiências delas, e tentam não as magoar ou constranger. Tal é o princípio interpessoal pelo qual a maioria das pessoas age. E que tipo de princípio é esse? (É ser um bajulador; é enganoso e escorregadio.) É conivente, escorregadio, astuto e insidioso. Por trás dos rostos sorridentes das pessoas, escondem-se muitas coisas maliciosas, insidiosas e desprezíveis” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Seis indicadores de crescimento da vida”). “Todos aqueles que se apegam a um meio feliz são os mais sinistros. Tentam não ofender ninguém, agradam às pessoas, aceitam as coisas e ninguém consegue ver quem realmente são. Uma pessoa assim é um Satanás vivo!” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Só pela prática da verdade é possível se livrar dos grilhões de um caráter corrupto”). “Existe uma doutrina nas filosofias de vida que diz: ‘Calar diante das falhas de bons amigos ajuda a criar uma amizade boa e duradoura’. Significa que, a fim de preservar um relacionamento amigável, é preciso calar-se sobre os problemas dos amigos, mesmo que sejam vistos claramente — que se deve defender os princípios de não atacar a dignidade do outro ou expor suas deficiências. Eles devem enganar um ao outro, esconder-se um do outro, empenhar-se em intrigas um com o outro; e embora saibam com clareza cristalina que tipo de pessoa o outro é, eles não o dizem diretamente, mas empregam métodos astutos para preservar seus relacionamentos amigáveis. Por que alguém desejaria preservar tais relacionamentos? Trata-se de não querer fazer inimigos nesta sociedade, dentro do grupo, o que significaria sujeitar-se com frequência a situações perigosas. Visto que você não sabe de que forma alguém o prejudicará após você ter exposto as falhas dele ou o machucado e ele se tornar seu inimigo, e você não quer colocar-se em tal posição, você emprega a doutrina das filosofias de vida que diz: ‘Nunca jogue os erros e as deficiências na cara das pessoas’. À luz disso, se duas pessoas estão nesse tipo de relacionamento, elas contam como amigos verdadeiros? (Não.) Elas não são amigos verdadeiros, muito menos são confidentes uma da outra. Então que tipo de relacionamento, exatamente, é esse? Não é um relacionamento social fundamental? (É.) Em tais relacionamentos sociais, as pessoas não podem oferecer seus sentimentos, nem ter trocas profundas, nem dizer o que quiserem, nem dizer em voz alta o que está em seu coração, ou os problemas que veem no outro, ou palavras que beneficiariam o outro. Em vez disso, escolhem palavras agradáveis para não magoar o outro. Não querem fazer inimigos. O objetivo disso é impedir que as pessoas próximas representem uma ameaça. Quando ninguém as ameaça, elas não vivem em paz e tranquilidade relativas? Não é esse o objetivo das pessoas ao promoverem a frase: ‘Nunca jogue os erros e as deficiências na cara das pessoas’? (É.) É claro que esse é um modo de existir astuto e enganoso, com um elemento de atitude defensiva e cujo objetivo é a autopreservação. Pessoas que vivem assim não têm confidentes nem amigos próximos a quem possam dizer qualquer coisa. Elas são defensivas umas com as outras, são calculistas e estratégicas, e cada uma tira do relacionamento o que precisa. Não é assim? Em sua raiz, o objetivo do ditado ‘Nunca jogue os erros e as deficiências na cara das pessoas’ é evitar ofender os outros e fazer inimigos, é proteger-se não machucando ninguém. São uma técnica e um método adotados para impedir que você seja machucado. Analisando esses vários aspectos da essência, a exigência feita à virtude das pessoas de ‘nunca jogar os erros e as deficiências na cara das pessoas’ é um princípio nobre? É positivo? (Não.) O que, então, ele ensina às pessoas? Que você não deve chatear nem magoar ninguém, caso contrário você acabará sendo magoado; além disso, que você não deve confiar em ninguém. Se você magoar qualquer um de seus bons amigos, a amizade começará a mudar silenciosamente; ele deixará de ser seu amigo bom e próximo e passará a ser um estranho que passa na rua, ou seu inimigo. […] Assim, qual é o resultado alcançado por aquilo que essa frase ensina às pessoas? Ela torna as pessoas mais honestas ou mais enganosas? Ela faz com que as pessoas se tornem mais enganosas; o coração das pessoas se afasta mais, a distância entre as pessoas aumenta, e as relações das pessoas se tornam complicadas; isso é equivalente aos relacionamentos sociais das pessoas que se tornam complicados. O diálogo das pessoas começa a chiar e gera uma mentalidade de se proteger dos outros. Os relacionamentos das pessoas podem ser normais desse jeito? O clima social melhorará? (Não.) É por isso que a frase ‘nunca jogue os erros e as deficiências na cara das pessoas’ está obviamente errada. Ensinar às pessoas esse caminho não pode fazê-las viver uma humanidade normal; além disso, não pode tornar as pessoas honestas, corretas ou sinceras; de forma alguma pode alcançar um efeito positivo” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade, “O que significa buscar a verdade (8)”). Ao ler a palavra de Deus, vi que eu confiava em filosofias de vida satânicas em como eu interagia com Bárbara, tais como “calar diante das falhas de bons amigos ajuda a criar uma amizade boa e duradoura”, “nunca jogue os erros e as deficiências na cara das pessoas”, e “um amigo a mais significa um caminho a mais”. Até então, eu tinha visto essas filosofias como princípios para interagir com as pessoas. Achava que comportar-me assim era o único jeito de manter relações interpessoais, de não ofender os outros e não me meter em problemas. Por meio da revelação da palavra de Deus, vi finalmente que essas filosofias eram jeitos de viver dissimulados, enganosos e traiçoeiros, que elas levavam as pessoas a ter cautela e impediam interações sinceras, e que não permitiam que elas amassem umas às outras. Embora interagir desse jeito evite ofender e se meter em problemas, isso impede você de ter amizades verdadeiras e só permite que as pessoas se tornem cada vez mais falsas e enganosas. Também entendi que é preciso ser cândido ao interagir com os outros, e que, quando você vê que alguém tem um problema, você deve confiar na compaixão para ajudar da melhor forma possível. Mesmo que, na hora, ele não consiga aceitar e o entenda errado, ainda assim você deve aderir a esses princípios e ter as intenções corretas ao abordá-lo. Quanto àqueles que aceitam a verdade, quando eles são tratados, embora se sintam momentaneamente envergonhados e resistentes, mais tarde eles serão capazes de buscar a verdade e refletir sobre si mesmos. Eles não só não ficarão ressentidos, eles serão gratos à pessoa que os corrigiu. Lembrei-me das minhas interações com Bárbara. Em várias ocasiões, eu tinha visto como ela se exibia na frente dos outros, e que os outros a tinham em alta estima, mas eu tinha medo de machucar o ego dela se eu apontasse o seu problema e que ela me ignoraria no futuro. Assim, para manter as boas relações com ela, eu fiquei olhando, sem dizer nada a ela, e sem ajudá-la, quando ela revelou corrupção, o que significava que ela não estava refletindo e não conhecia o problema dela, e, mais tarde, ela retomou seus hábitos antigos. Vi que, ao viver segundo essas filosofias satânicas, eu só quis proteger nosso relacionamento, para que Bárbara dissesse que eu era uma pessoa compreensiva e empática. Eu não considerei a entrada dela na vida. Se eu tivesse apontado mais cedo os problemas para ela, talvez ela teria algum entendimento de seu caráter corrupto e não diria coisas tão insensatas durante as reuniões. Eu tinha me tornado uma bajuladora para proteger nossa relação! Isso era um comportamento muito prejudicial! Então me lembrei de outra irmã com a qual tinha interagido. Vi que, muitas vezes, ela era superficial no dever dela, e que, quando os outros apontavam os problemas para ela, ela retrucava e não conseguia aceitar. Eu quis comungar com ela para ajudá-la a refletir sobre si mesma, mas achei que ela era bastante idosa e que, se eu apontasse o problema dela, eu machucaria o ego dela e a levaria a pensar que eu era dura demais. Assim, eu me fingi de cega em relação ao problema dela e permaneci alegre, tagarela e amigável com ela. Foi só quando ela foi dispensada por ser superficial em seu dever que eu me arrependi de não a ter ajudado mais cedo. Foi só depois de ela sair que comunguei os problemas que tinha visto nela. Embora ela tenha reconhecido o problema, ela me repreendeu por não apontar isso para ela mais cedo e disse que, se ela tivesse conseguido corrigir seus hábitos mais cedo, talvez não teria sido dispensada. Finalmente vi que viver segundo essas filosofias e ser uma bajuladora não é igual a ser uma pessoa verdadeiramente boa. Não é sincero nem compassivo em relação aos outros, ao contrário, é egoísta e enganoso. Eu estava vivendo um caráter satânico e enojando a Deus. Bárbara sempre tinha sido muito sincera comigo, mas eu tinha confiado nessas filosofias, ao interagir com ela, e não tinha praticado a verdade. Eu só considerava como não a ofender e como preservar a boa imagem que ela tinha de mim, e quando vi que ela revelava corrupção, eu simplesmente ignorei. Eu podia chamar-me uma boa amiga ao agir assim? Vi que “calar diante das falhas de bons amigos ajuda a criar uma amizade boa e duradoura” era uma falsidade de Satanás, e eu não queria mais viver de acordo com ela.
Em minha reflexão, percebi que havia outra razão pela qual eu não ousava apontar o problema de Bárbara: eu tinha uma opinião equivocada. Eu sempre achara que apontar o problema dos outros era expor uma falha deles, que lhes machucaria o ego e os ofenderia, e que era um ato ingrato. Então, em relação a Bárbara, eu sempre temia que ela se ofenderia se eu apontasse seu problema e que isso arruinaria nossa relação, o que dificultava praticar a verdade. Então, busquei a Deus e pedi que Ele me guiasse a resolver esse meu problema.
Em minha busca, li estas palavras de Deus. “Deus exige que as pessoas contem a verdade, digam o que pensam, e não iludam, zombem, enganem, satirizem, insultem, restrinjam, magoem, exponham as fraquezas das pessoas nem ridicularizem as pessoas. Esses não são os princípios da fala? O que significa dizer que não se deve expor as fraquezas das pessoas? Significa não jogar lama em outras pessoas. Não se agarre aos seus erros ou falhas do passado para julgá-las ou condená-las. Esse é o mínimo que você deveria fazer. Do lado proativo, como a fala construtiva se expressa? Ela é principalmente encorajadora, orientadora, condutora, exortadora, compreensiva e confortadora. Também, às vezes é necessário apontar e criticar as falhas, deficiências e erros dos outros diretamente. Isso é de grande benefício para as pessoas. É de grande ajuda para elas, e é construtivo para elas, não é? […] E o que, em suma, é o princípio por trás da fala? É este: diga o que está no seu coração e comunique suas experiências reais e o que você realmente pensa. Essas palavras são as mais benéficas para as pessoas, elas provêm para as pessoas, elas as ajudam, elas são positivas. Recuse-se a dizer aquelas palavras falsas, aquelas palavras que não beneficiam nem edificam as pessoas; isso evitará que você as prejudique ou que elas tropecem, lançando-as em negatividade e tendo um efeito negativo. Você deve dizer coisas positivas. Você deve se esforçar para ajudar as pessoas o máximo possível, para beneficiá-las, prover para elas, produzir nelas fé verdadeira em Deus; e você deve permitir que as pessoas sejam ajudadas e ganhem muito com as suas experiências com as palavras de Deus e com o jeito de você resolver problemas e para que possam entender a senda de experimentar a obra de Deus e entrar na realidade da verdade, permitindo que elas entrem na vida e façam sua vida crescer — tudo isso é o efeito de suas palavras quando elas têm princípios e edificam as pessoas” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade, “O que significa buscar a verdade (3)”). “Se você tem um bom relacionamento com um irmão ou uma irmã, e eles pedem que você aponte o que está errado com eles, como você deve apontar? Isso tem a ver com como você aborda a questão. […] De acordo com o princípio da verdade, então, como você deve abordar essa questão? Que ação está de acordo com a verdade? Quantos princípios relevantes existem? Primeiro, no mínimo, não faça ninguém tropeçar. Você deve considerar primeiro as fraquezas do outro e que maneira de falar com ele não o fará tropeçar. Isso é o mínimo que deve ser considerado. Em seguida, se você sabe que ele é alguém que realmente acredita em Deus e consegue aceitar a verdade, então, quando você percebe que ele tem um problema, você deveria tomar a iniciativa de ajudá-lo. Se você não faz nada e ri dele, isso constitui machucar e prejudicá-lo. Alguém que age assim não tem senso nem consciência, e não tem amor pelos outros. Aqueles que têm um pouco de senso e consciência não conseguem ver seus irmãos e irmãs como uma piada. Eles deveriam achar jeitos diferentes de ajudá-los e resolver o problema deles. Deveriam fazer com que a pessoa entenda o que aconteceu e onde estava o erro. Se ela consegue se arrepender, isso é assunto dela; nós teremos cumprido a nossa responsabilidade. Mesmo que ela não se arrependa agora, mais cedo ou mais tarde virá o dia em que ela cairá em si, e ela não culpará nem acusará você. No mínimo, a forma como você trata seus irmãos e irmãs não pode estar abaixo dos padrões da razão e da consciência. Não se endivide com aos outros; ajude-os na medida do possível. É isso que as pessoas deveriam fazer. Pessoas que conseguem tratar seus irmãos e irmãs com amor e de acordo com os princípios da verdade são o melhor tipo de pessoa. São também as mais bondosas. É claro, irmãos e irmãs verdadeiros são aquelas pessoas que conseguem aceitar e praticar a verdade. Se uma pessoa só acredita em Deus para comer pão à vontade ou para receber bênçãos, mas não aceita a verdade, ela não é um irmão ou uma irmã. Você deve tratar irmãos e irmãs verdadeiros de acordo com os princípios da verdade. Não importa como acreditem em Deus nem em que senda estejam, você deve ajudá-los no espírito do amor. Qual é o efeito mínimo que se deve alcançar? Em primeiro lugar, não fazer com que tropeçam e não permitir que fiquem negativos; em segundo lugar, ajudá-los e fazer com que voltem da senda errada; e, em terceiro lugar, levá-los a entender a verdade e escolher a senda certa. Esses três tipos de efeito só podem ser alcançados ajudando-os no espírito do amor. Se você não tem amor verdadeiro, você não pode alcançar esses três tipos de efeitos, e só poderia alcançar um ou dois, no melhor dos casos. Esses três tipos de efeitos são também os três princípios para ajudar os outros. Você conhece esses três princípios e você os entende, mas como eles são aplicados? Você realmente entende a dificuldade do outro? Isso não é outro problema? Você deve pensar, também: ‘Qual é a origem da dificuldade dele? Sou capaz de ajudá-lo? Se minha estatura é baixa demais, e eu não consigo resolver o problema dele, e eu falo sem cuidado, talvez eu o aponte para a senda errada. Além disso, quão capaz é essa pessoa de entender a verdade, e qual é o seu calibre? Ela é teimosa? Ela entende questões espirituais? Ela consegue aceitar a verdade? Ela busca a verdade? Se ela vir que sou mais capaz do que ela, e eu comungar com ela, surgirão inveja e negatividade nela?’. Todas essas questões devem ser consideradas. Depois de considerar e ganhar clareza sobre essas questões, vá comungar com essa pessoa, leia várias passagens das palavras de Deus que se aplicam ao problema dela, e capacite-a a entender a verdade nas palavras de Deus e a encontrar a senda para praticar. Então, o problema será resolvido, e ela sairá da adversidade. Essa é uma questão simples? Essa não é uma questão simples. Se você não entende a verdade, não importa quanto você diga, tudo será em vão. Se você entende a verdade, a pessoa pode ser esclarecida e se beneficiar de algumas sentenças” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Somente buscando a verdade pode-se resolver as noções e os equívocos sobre Deus”). A palavra de Deus me fez entender que, se você expõe as deficiências de uma pessoa para tirar vantagem das fraquezas dela para julgar e condená-la, e se suas intenções são ridicularizar, zombar e denunciá-la, isso enoja a Deus. Mas se você aponta os problemas e deficiências de uma pessoa com a intenção de ajudá-la, isso é edificante e é uma expressão de compaixão pelo outro e um senso de responsabilidade pela vida dele. Se a pessoa busca a verdade, então, com a ajuda dos outros, ela será capaz de refletir sobre si mesma e buscar a verdade para resolver seus problemas e progredirá em sua entrada na vida. No entanto, algumas pessoas resistem e são adversas a ser tratadas e a ter seus problemas apontados. Isso mostra que elas não aceitam a verdade e que seu caráter está farto da verdade. Vi que, no passado, eu tinha acreditado que apontar os problemas dos outros era igual a expor suas deficiências e era uma tarefa ingrata. Essa opinião era completamente errada. Também entendi que existem princípios para apontar os problemas dos outros. Não se trata apenas de ter boas intenções e entusiasmo nem de apontar os problemas diretamente para as pessoas, não importa quem sejam. Às vezes, você terá que usar sabedoria e seguir os princípios da verdade. O mais importante é que você considere as verdades relevantes, que você ajude os outros a entender a verdade e a vontade de Deus, apontando as coisas para eles, e lhes dê uma senda de prática. Só se fizer isso, você estará realmente ajudando as pessoas. A essa altura, percebi finalmente que eu não tinha obtido bons resultados ao apontar os problemas dos outros porque eu não tinha buscado os princípios da verdade. Como no caso de Roxanna, que era vaidosa, se preocupava com sua reputação e não tinha sido tratada antes. Quando descobri que ela estava fugindo do tema em sua comunhão, eu não só deveria ter apontado o problema para ela, eu também deveria ter compartilhado com ela os princípios para comungar a palavra de Deus para ajudá-la a encontrar uma senda de prática. Assim, eu não teria constrangido e eu a teria capacitado a comungar de acordo com os princípios em reuniões posteriores. Quando entendi esse princípio, deixei de ter medo de apontar os problemas de Bárbara e soube que devia ajudá-la de acordo com os princípios e com compaixão para impedir que ela trilhasse a senda errada. No meu coração, busquei e orei a Deus: “Como posso comungar com Bárbara eficientemente, não a constranger e permitir que ela entenda esse aspecto da verdade e reconheça o problema dela?”.
Sempre que tinha tempo, eu ponderava esse problema, buscava e considerava as palavras de Deus que expõem aqueles que se exibem e exaltam. Esperei um momento para me abrir com Bárbara em comunhão e conversar sobre os problemas dela que eu tinha percebido nesse período, e para comungar com ela a natureza e as consequências de se exibir e a atitude com que Deus trata esse tipo de comportamento. Depois que comunguei com ela, Bárbara finalmente percebeu a seriedade do problema dela, percebeu que ela era controlada por uma obsessão por status, que gostava de ter um lugar no coração das pessoas, e que elas a admirassem, e que esse tipo de busca enoja a Deus. Mais tarde, ela analisou e se abriu sobre esse comportamento numa reunião, o que ajudou todos a reconhecê-lo. Quando vi que Bárbara era capaz de refletir e reconhecer o problema dela e de odiar a si mesma, eu fiquei feliz. Mas, ao mesmo tempo, me senti culpada. Eu me arrependi de ter demorado tanto para comungar e apontar isso para ela. Ela não desenvolveu preconceitos contra mim por eu ter apontado e exposto o problema dela, e nossa relação não foi destruída; ao contrário, ela ficou ainda mais próxima. Entendi que só se vivermos segundo a palavra de Deus e interagirmos com as pessoas de acordo com os princípios podemos sentir paz.